Quem olha o simulador pensa automaticamente em um videogame. A tela mostra os comandos dados pelo cirurgião. Trata-se do console de um robô que auxilia em cirurgias. A alguns metros do paciente, o médico controla com precisão os quatro “braços” do Da Vinci Xi, como foi batizado. A tecnologia passou a ser oferecida para pacientes de Blumenau desde a última semana, por meio de uma parceria entre o Hospital Santa Isabel, em Blumenau, e uma unidade hospitalar de São Paulo, onde fica o equipamento.
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A proposta é que os pacientes do Vale do Itajaí sejam levados à capital paulista quando houver indicação para o uso do robô. A catarinense Escolástica Líria Soares Grangeiro, 67 anos, foi operada com a nova técnica no último dia 22. A cirurgia teve o acompanhamento do médico blumenauense Pedro de Abreu Trauczynski. Ela tinha um tumor em um dos rins, que foi removido com o uso do Da Vinci Xi. A robótica não acaba com a necessidade de uma equipe técnica, mas permite um procedimento minimamente invasivo e mais assertivo.
Com o equipamento, o médico consegue executar os movimentos cirúrgicos com mais precisão e, consequentemente, com menor perda sanguínea e uma recuperação mais rápida. Isso porque um dos braços tem uma câmera que gera imagens em 3D, as quais podem ser ampliadas em até 15 vezes, o que permite definir até os milímetros que o robô deve se mexer. Os outros três braços obedecem aos comandos do cirurgião.
– A experiência foi muito bem sucedida. Sinto-me muito bem. Já caminhava no dia seguinte – conta a paciente, que diz ter sido operada em menos de duas horas.
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A ideia de um robô para auxiliar em operações na lua e também em guerras para operar pacientes de forma remota. O modelo, porém, consolidou-se com o médico in loco, aponta Trauczynski, e tem indicações para cirurgias de diferentes especialidades, como urologia, ginecologia e cirurgia geral.
– Hoje não existe restrição. Consegue-se utilizar em quase todos os procedimentos cirúrgicos e até naqueles onde existe uma dificuldade maior por via convencional. A robótica vem para auxiliar o cirurgião nesses casos – explica o médico.
Novas técnicas com o avanço da inovação
Equipamentos e técnicas que permitem mais precisão se tornam cada vez mais comuns nos hospitais brasileiros após a consolidação no exterior. Além de garantir a recuperação mais rápida dos pacientes, a preocupação com a segurança dos procedimentos também é crescente. É o que defende a neurocirurgiã Danielle de Lara, especialista em cirurgia cerebral por vídeo. Ela explica que é possível fazer a retirada de um tumor do cérebro, a partir do nariz.
Danielle diz que o procedimento não indicado para todos os casos, mas que quando a técnica é empregada apresenta excelentes resultados. O período na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de internação hospitalar é expressivamente menor, além de o paciente conseguir retomar às atividades laborais mais brevemente.
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As cirurgias ganham ainda outro aliado: um neuronavegador. O equipamento funciona como uma espécie de GPS do cérebro, de acordo com a médica:
– É como se construíssemos um paciente virtual dentro do aparelho. Isso aumenta a segurança da cirurgia e diminui os riscos.