Todas as noites, quando não há visitantes, um robô realiza o mesmo trabalho há algumas semanas em Madri: ele é responsável por um “exame médico” completo na obra Guernica, de Pablo Picasso.
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No ano de seu 75º aniversário, a saúde da pintura é frágil e requer uma grande revisão. Utilizando as mais recentes técnicas disponíveis de fotografia, tridimensional, infravermelho e ultravioleta,’ “Pablito”, como é conhecida a máquina analisa o estado da pintura de Picasso e trabalha em uma varredura digital.
– A obra é muito delicada, uma vez que já passou por muitas mudanças de lugares – disse o chefe de Conservação do Museu Rainha Sofia, Jorge Garcia Gomez-Tejedor.
Não é a primeira vez que se usam essas técnicas de estudo em tela. Mas da forma como é empregado, com essa construção e esse design, é a primeira vez.
Guernica tem mais de sete metros de altura e 3,5m de largura, e “Pablito” é adaptado para atender a essas características. A máquina pesa 1.500 kg, tem cinco metros de altura e tem dois braços de nove metros de comprimento. O rolamento da câmera que o robô tem acoplada atua em três áreas de 27 metros quadrados de lona, a um metro de distância. Portanto, sem tocar ou chegar muito perto da obra. A capacidade das lentes é de até 25 microns de precisão.
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– O olho humano não pode ver o que a câmera grava – disse Humberto Duran, restaurador e uma das pessoas que participaram da concepção do sistema operacional da máquina.
Em 1998, Guernica foi submetida a uma exaustiva revisão onde foram encontradas 129 imperfeições. Radiografias feitas entre 2006 e 2008 revelaram que os danos haviam piorado, então os especialistas se convenceram de que pintura precisava de cuidados especiais.
Desta vez, o diagnóstico será mais preciso, pois “Pablito” vai tirar milhares de fotografias até o final do projeto – em junho de 2012. Dessa forma, será possível esmiuçar o processo criativo utilizado por Picasso.
Depois deste estudo, o robô poderá ser utilizados em outros trabalhos da mesma natureza.
Em 1957, o MoMA, em Nova York já restaurou a obra sob a supervisão de Picasso. Em seu testamento, o pintor (1881-1973) escreveu que seu desejo era que Guernica “ficasse permanentemente em Espanha, com o retorno da democracia”. E lá ela se encontra desde a morte do ditador Franco, em 1975.
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