Quem inventou o amor? Em uma das tantas composições que viraram hits, Renato Russo se perguntava. E complementava, pedindo que explicassem a ele, por favor. O poeta português Luís de Camões escreveu que “amor é fogo que arde sem se ver, é fogo que arde sem se ver, um contentamento descontente, uma dor que desatina sem doer”. A literatura e a música têm uma infinidade de obras que se dedicam a tentar explicar o amor. Tarefa complicada.
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E como nasce um amor? Para essa pergunta, a resposta talvez seja mais simples. Para Rosangela da Silva, o amor dela pelo Figueirense floresceu em meados de 2006. Natural de Florianópolis, ela sempre foi adepta do time do Estreito. Após se casar, acabou se afastando das arquibancadas. Até que em 2006 voltou a frequentar o Estádio Orlando Scarpelli, ao lado da família. Foi movida pelo instinto materno de proteger a filha. A experiência foi mágica e transformadora.
– Me apaixonei pelo estádio, pela atmosfera. E não parei mais de ir – lembra.
Movida pelo amor ao Alvinegro, em 2008, em meio à disputa da Série A do Brasileiro, Rô, como é popularmente conhecida, reuniu um grupo de mulheres sócias do clube e criou a primeira torcida feminina do time do Estreito: a Elas. Aos 63 anos, Rô lidera o grupo, que tem camisa oficial e até carteirinha para quem é integrante.
– O objetivo é reunir as torcedoras do Figueirense, para gerar uma identificação com as mulheres que vão ao estádio, que somos uma torcida feminina.
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Atualmente, a torcida conta com 179 mulheres cadastradas, mas conta com um número maior de simpatizantes. Como a camisa oficial da torcida é rosa, fica fácil de identificá-las.
– A intenção não é ficarmos todas juntas num mesmo lugar. Então, a gente olha na arquibancada, vê um pontinho rosa no estádio e identifica: lá tem uma mulher torcendo pelo Figueirense.
O trabalho da torcida é movido por três pilares: paz, carinho e amor. Por isso, nos momentos de dificuldades, ela e as demais integrantes procuram promover ações que visam o melhor para o clube. Ela lembra que no ano passado, o grupo levou bombons com cartões, como forma de incentivo e carinho, com o objetivo de ajudar os atletas a superar os problemas que o clube enfrentava.
– A mulher está abraçando o futebol, está mais participativa. Tirando a torcida, também vejo muitas mulheres nos estádios. Aquela mulher mais velha, que estava só em casa, que tinha outra criação com o futebol, a torcida “Elas” ajudou a atraí-las para o estádio. As mulheres vêm com menos medo da violência.
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Visando o Campeonato Catarinense, Rô acredita que o Figueirense vai surpreender.
– Tudo o que a gente passou no ano passado, serviu para a nação alvinegra se unir. Houve uma união, uma comoção, um fortalecimento. Do que a gente tem a oferecer, nós vamos surpreender. Estamos ressurgindo das nossas próprias cinzas.