Em suas edições de ontem, os jornais uruguaios elogiavam a “garra gaúcha do Grêmio”. Pois essa virtude, exibida em alta dose pela equipe de Enderson Moreira, no alçapão do Parque Central, foi decisiva na vitória por 1 a 0 contra o Nacional, na estreia na Libertadores, em Montevidéu. Se o empate já poderia ser considerado um resultado positivo, os três pontos arrancados na casa do adversário representam um fator que poderá ser decisivo naquele que se convencionou chamar de grupo da morte.

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Jogo ao vivo: reveja os lances de Nacional-URU x Grêmio

Assistir a um jogo no Parque Central, o diminuto estádio inaugurado no início do século passado, é como voltar no tempo. Gremistas da velha geração poderiam compará-lo ao antigo Olímpico, ainda sem o segundo anel, que seria inaugurado em 1980 pelo ex-presidente Hélio Dourado. Só que o efeito caldeirão é muito maior. O estádio é retangular, lembra uma caixa de sapatos, e a distância entre as linhas do gramado e a torcida é mínima. Ontem, não havia espaços em branco. O som dos bumbos, tocados o tempo todo, podia ser sentido dentro do campo, tal a proximidade, e confundia o raciocínio dos jogadores do Grêmio.

A torcida, toda em azul, vermelho e branco, as cores do Nacional, nunca é indiferente. Ergue-se das cadeiras, ansiosa, quando seu time ataca. E abre os braços em protesto a cada passe errado. O samba feito nas arquibancadas não faria feio em nenhuma avenida brasileira.

Durante todo o jogo, o Nacional bateu na mesma tecla. Seus defensores trocavam dois ou três passses e tratavam de alçar a bola para a área do Grêmio, em busca de Alonso ou do grandalhão Pereiro. A tentativa era uma só: fazer com que um dos dois cabecesasse ou sobrasse um rebote para o chute de De Pena.

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Na maior parte das vezes, Rhodolfo, com a segurança habaitual, conseguiu afastar. Mas houve momentos de risco. No primeiro deles, Wendell cabeceou mal e De Pena chutou de forma perigosa.

Em outro momento de assédio uruguaio, Alonso trombou com Rhodolfo e De Pena, sempre ele, concluiu alto. Mais assustadora ainda foi a chance despediçada por Cruzado, cujo chute, em diagonal, pasosu em frente da meta de Marcelo Grohe.

Não que o Grêmio estivesse mal. Seu problema era não conseguir reter a bola na frente. Barcos e Luan lutavam, mas, na maior parte das vezes, os zagueiros e volantes saíam com liberdade par dar o tal chutão na direção da área do Grêmio. Como Ramiro e Riveros não avançavam, restava um espaço à disposição do Nacional.

Para não dizer que o Grêmio não incomodou, a 27 minutos, em arremate de fora da área, Zé Roberto forçou Munúa a grande defesa.

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De resto, o primeiro tempo foi marcado por frequentes tentativas de intimidação uruguaia. Algumas vezes, com a conivência da arbitragem. Num desses lances, Riveros, caído, foi atingido, partiu para o revide e recebeu cartão amarelo.

Um cabeceio de Scotti, defendido por Marcelo Grohe, logo na abertura da segunda etapa, passou a ideia de que a pressão aumentaria. Mas o Grêmio, sólido na defesa, conseguia manter e igualdade. Melhor ainda: passou até a ousar um pouco mais, com se viu em dois chutes de Barcos.

Até que, a 23 minutos, Ramiro cruzou da direita e Riveros, por trás dos marcadores, cabeceou e fez 1 a 0.

Abalado, o Nacional quase sofreu o segundo gol, mas Barcos tentou um drible a mais e desperdiçou, para desespero de Enderson Moreira.

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A torcida seguiu cantando, tentando empurrar o Nacional. Mas o Grêmio, a essa altura da partida, já se sentia em casa, convencido de que a vitória seria mera questão de tempo. Ainda haveria pânico, como na bola que Léo Gago salvou quase na risca, com Grohe vencido, e também nas investidas do veterano Recoba. Para sorte do Grêmio, o árbitro não viu pênalti de Barcos. Agora, serão duas partidas em sequência na Arena, contra Nacional-COl e Newell’s Old Boys, e a chance de disparar na liderança.

LIBERTADORES DA AMÉRICA – GRUPO 6 – 1ª RODADA – 13/02/2014

NACIONAL 0

Munúa; Pablo Álvarez, Scotti, Curbelo e Juan Díaz; Prieto, Calzada e Cruzado (Hugo Dorreto, 36″/2°T), Pereiro (Mascia, 28″/2ºT) e De Pena (28″/2°T); Alonso. Técnico: Gerardo Peluso.

GRÊMIO 1

Marcelo Grohe; Pará, Werley, Rhodolfo e Wendell; Edinho, Ramiro (Léo Gago, 40″/2°T), Riveros, Zé Roberto (Maxi Rodríguez, 47″/2°T) e Luan (Bressan, 45″/2ºT); Barcos. Técnico: Enderson Moreira.

Árbitro: Antonio Arias, auxiliado por Dario Gona e Eduardo Cardozo (trio paraguaio).

Gols: Riveros (G), aos 23 min do 2º tempo.

Cartões amarelos: Riveros, Werley e Barcos (G). Scotti (N)

Local: Parque Central, Montevidéu-URU

PRÓXIMO JOGO – GAUCHÃO

16/2/2014, DOMINGO, 16H

ESPORTIVO x GRÊMIO

Galeria de fotos: veja imagens do jogo no Estádio Parque Central