Acorda cedo, toma café às pressas, responde o whatsapp, enfrenta o trânsito, deixa as crianças na escola e vai ao trabalho. Planeja a rotina, atinge metas, lê 30 e-mails, reunião com a chefia e improvisa sobre o que deu errado. Sai do trabalho e mais trânsito. A casa está uma bagunça. Jantar, dormir e acordar cedo no outro dia.

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A sensação é de que as 24 horas do dia não são mais suficientes. E esse ritmo frenético tornou-se o comportamento padrão para dar conta de todas as tarefas, o que pode desencadear problemas emocionais como transtorno de ansiedade, fobias, síndrome do pânico e depressões.

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Segundo a psicóloga especialista em terapia cognitiva comportamental Cleonice de Fátima Andrade, em Joinville há muita procura por tratamentos de depressão e ansiedade, principalmente com causa relacionada ao ritmo de trabalho acelerado.

Conforme a psicóloga, com as demissões que ocorreram recentemente, por exemplo, os trabalhadores ficam inseguros e acabam assumindo diversas atividades, acumulam funções e têm a qualidade de vida afetada.

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– As pessoas estão assumindo cada vez mais compromissos e responsabilidades não porque escolhem assim, mas devido às necessidades das organizações. É a competitividade e a insegurança de enfrentar o desemprego, caso não atendam a essa demanda, assim como a necessidade de acompanhar as mudanças e informações da vida moderna. Percebe-se que esse ritmo de trabalho tem aumentado de forma significativa nos últimos anos. Isso acontece por causa de muitos fatores: competitividade, materialismo e consumo, exigência de resultados breves e lucrativos – argumenta.

Diante dessas cobranças, a mente humana reage sob estresse. Sintomas psicológicos e físicos passam se manifestar, como irritabilidade, alteração do padrão do sono e do apetite, gastrite, prisão de ventre e enxaqueca.

Para manter a saúde e o equilíbrio emocional, a psicóloga orienta a dividir o tempo dedicado à família, ao convívio social, ao lazer, à saúde e à vida acadêmica ou profissional. Para isso, é necessário, às vezes, compartilhar as responsabilidades e buscar orientação, sobretudo antes de se tornar vítima do estresse.

– Se não houver uma programação, além de adquirir a Síndrome de Burnout – a do esgotamento profissional – ainda terá de lidar com prejuízos nas outras áreas por falta de dedicação e com problemas emocionais e físicos que surgirão. Até porque excessos de atividades fazem com que, ao longo do tempo, devido ao cansaço e estresse, os resultados atingidos não sejam satisfatórios. Quanto maior a quantidade, menor a qualidade – explica.

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E os problemas não afetam somente mulheres e homens adultos, mas crianças. Essas, muitas vezes, não sabem exatamente como verbalizar e identificar as emoções e, portanto, é mais difícil para saber quando ajudá-las. Agressividade, irritabilidade, dores de cabeça e barriga e baixo desempenho escolar podem ser sinais de que a criança está experimentando um alto nível de estresse.

Ioga ajuda a lidar com o estresse

Uma alternativa para navegar no contrafluxo dessa correria cotidiana, o ioga tem conquistado cada vez mais adeptos. Professora da primeira casa de ioga da cidade, desde 1986, Laura Packer afirma ter percebido o aumento da procura e aponta que surgiram interessados por diferentes razões: questões terapêuticas, físicas e pela necessidade de ‘encontrar o seu centro’.

Segundo a professora, a prática permite que cada um desenvolva o que é mais conveniente para si, ao longo do processo. No caso do ritmo de vida acelerado, o ioga pode ajudar a ficar mais calmo, a ter mais foco e concentração para lidar com as situações. No corpo físico, devido ao trabalho de postura, ele atua no sistema orgânico, com benefícios para a digestão, o coração, músculos e respiração.

– E a meditação é transformadora. É comprovado que passam pela mente cerca de 90 mil pensamentos por dia. Como se dá conta disso? Perdemos muita energia e isso vem com o cansaço, insônia e ansiedade. A meditação diminui o fluxo intenso de pensamento e leva o sistema orgânico ao estado de omeostase, de equilíbrio, e sente-se então a serenidade – destaca Laura.

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Praticante de ioga desde os 12 anos, por influência do irmão mais velho, José Filho, 23 anos, encontrou uma atividade completa para cuidar do corpo e das emoções. Ele tornou-se terapeuta reiki – um profissional que ministra a cura por meio da energia, com o uso das mãos.

Segundo José, ele melhorou a atenção e conquistou uma consciência mais tranquila. Doenças físicas ou psíquicas também não constam no seu histórico, pois, além de melhorar a autoestima, o ioga pode fortalecer o sistema imunológico.

– O mundo externo exige muito do homem e ele acaba não dando tanta atenção à sua realidade interna. Isso foi esquecido. Olha-se mais para fora, para aquilo que se quer adquirir, e não para aquilo que já é, as coisas mais simples, como as emoções – afirma José.