Ao posar para a foto que ilustra esta página na garagem de sua casa em São José, Rita de Cássia Lautert riu em alto e bom som:
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– Meus vizinhos já sabem que sou louca – brincou, enquanto segurava o capacete e se posicionava para o melhor ângulo do fotógrafo.
A brincadeira resume um pouco do espírito da mulher que, aos 60 anos, circula com o marido pelo Brasil a bordo de uma moto Custom.
Rita tem uma história atípica. O primeiro companheiro morreu de um câncer fulminante quase ao mesmo tempo em que a aposentadoria de agente do Ministério da Saúde chegava, aos 43 anos. Com tanta mudança, ela aproveitou para voltar a estudar.
– Um dos meus filhos me matriculou no Aderbal (escola do Bairro Estreito). Fui muito bem recebida, até porque não fui chata com os meus colegas. As meninas vinham inclusive estudar aqui.
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Enquanto finalizava o ensino médio, Rita reencontrou um amigo da adolescência. Roger era mais próximo de uma de suas irmãs, mas a partir desse momento um novo romance despontou. Situação que ela nem cogitava. Sem pestanejar, em um encontro familiar, ele disse à mãe de Rita que ela seria sua sogra a partir daquele momento. E assim tem sido desde então.
– Eu brinco que meu príncipe encantado não veio em um cavalo branco. Foi melhor, ele veio em uma caminhonete branca – revela, sempre em tom bem-humorado.
Desconfiada com o hobby do marido, Rita de Cássia não topou os primeiros passeios em uma motocicleta. Tinha medo, receio. Depois de alguma insistência, topou o desafio. Avisou que se gostasse, não desceria mais. Paramentada com jaqueta, luvas e colete de couro, a catarinense virou companheira de estrada de Roger. Quase sempre com outros familiares, o casal tem passeado pelo país sobre duas rodas. Acabaram de passar por Minas Gerais e Aparecida do Norte. Foram também a Montevidéu, no Uruguai. Mas sem passar dos 120km/h.
Para encerrar, uma pergunta: há alguma mudança significativa dos 50 para os 60 anos?
– Nenhuma. Não mudou nada. E espero que seja assim nos 70 e nos 80 – finaliza.