O presidente americano Barack Obama deve anunciar nesta terça-feira que está disposto a assinar ordens executivas (o equivalente às medidas provisórias brasileiras), “passando por cima” do Congresso em assuntos que os deputados não estão votando.
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A mensagem dura ao Congresso (“eu tenho uma caneta e um telefone”, ele já disse) será um dos principais pontos de seu aguardado discurso sobre o Estado da União, hoje à noite (21h em Washington, meia-noite em Brasília), quando o presidente tradicionalmente fala das prioridades do governo e de seus projetos legislativos, que dependem de aprovação do Congresso.
Obama quer desfazer a imagem de paralisia do governo em ano eleitoral – em novembro, acontecem as eleições legislativas que renovam a Câmara e parte do Senado.
Como a Câmara dos Deputados é controlada pela oposição republicana, diversos projetos de Obama apresentados no ano passado no Estado da União nem foram votados, da reforma imigratória ao aumento do salário mínimo, além do controle na venda de armas de fogo e de políticas de estímulo econômico.
Segundo assessores de Obama disseram em programas dominicais de debate político, o presidente indicaria que não permitirá ao Congresso paralisar completamente seu segundo mandato.
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A popularidade de Obama está em recorde negativo, entre 39% e 44% na maioria das pesquisas. Ele ainda deve defender seu polêmico plano de saúde, que foi lançado em outubro de forma atabalhoada (por um mês, o portal do plano não funcionou bem) e sua política externa.
Números da pobreza e da desigualdade nos Estados Unidos
A desigualdade de renda, tema central do discurso do presidente Barack Obama sobre o Estado da União, aumentou nos Estados Unidos a partir dos anos 1970, enquanto os níveis de pobreza avançaram em consequência da recessão.
Seguem abaixo os principais números sobre o assunto:
Nível de pobreza
– Em 2012, 15% dos americanos – cerca de 47 milhões – era pobre, contra 19% em 1964, quando o então presidente Lyndon B. Johnson declarou “guerra” contra a pobreza.
Esse número se agravou desde a crise de 2007, passando de 12,5% para 15%, e afetou principalmente as crianças, pulando de 18% para 21,8%. Um em cada cinco menores é pobre nos Estados Unidos. (Fonte: Censo americano)
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– O Center on Budget and Policy Priorities (CBPP) utiliza o critério Supplemental Poverty Measure (SPM, Medida Suplementar de Pobreza, em tradução livre), que leva em consideração as ajudas do governo, incluindo o auxílio alimentação. Segundo esse cálculo, 16% dos americanos eram pobres em 2012 – pelo menos 50 milhões de pessoas -, contra 26% da população em 1964.
Limite da pobreza
Rendas mínimas estabelecidas para considerar que um americano é pobre (em 2012, também segundo o Censo americano):
– para uma pessoa, US$ 11.720 anuais, ou US$ 980 por mês.
– para duas pessoas, US$ 14.937 anuais, ou US$ 1.250 por mês.
– para uma família com dois filhos, US$ 18.498 anuais, ou US$ 1.540 dólares por mês.
Disparidade de renda
– Descontados os impostos, os Estados Unidos são o país mais desigual em relação à renda entre cerca de 20 países ricos, segundo o Centro de Estudos de Desigualdade da Universidade de Nova York.
As altas rendas (antes dos impostos, mas incluindo os dividendos) sofreram uma “alta espetacular” a partir dos anos 1970, de acordo com o economista francês Emmanuel Saez, da Universidade de Berkeley (Califórnia).
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O 1% mais rico do país captou 95% do crescimento da renda após a crise (2009-2012), enquanto que esse percentual chegou a 49%, durante a recessão (2007-2009), e a 65%, entre 2002 e 2007 (governo de George W. Bush).
Apenas em 2012, a renda do 1% mais rico cresceu 19,6%, enquanto que no restante aumentou 1%.
Salário mínimo
– Criado em 1938, o salário mínimo federal por hora estabelece um pagamento de US$ 7,25.
– A inflação não é contabilizada. Levando-se a inflação em conta, esse dado representa uma queda de 22%, em comparação ao nível mais alto no final dos anos 1960, segundo o CBPP.
– Um empregado com salário mínimo que trabalha em tempo integral ganha US$ 14.500 dólares por ano, cerca de US$ 1.208 por mês, segundo a Casa Branca.
– Pelo menos 20 estados aprovaram um salário mínimo superior.
– Um projeto de lei do Senado deve incluir a inflação e aumentar o salário mínimo de forma progressiva para que se situe em US$ 10,10 (a hora), em 2016. Essa medida deve beneficiar cerca de 17 milhões de americanos, segundo o Instituto de Política Econômica.
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– Em seu discurso sobre o Estado da União nesta terça-feira, o presidente Barack Obama deve anunciar um aumento para US$ 10,10 (a hora) para os funcionários federais terceirizados. Segundo a Casa Branca, a medida deve beneficiar pelo menos 250 mil pessoas.