A possibilidade de que leite adulterado com água oxigenada tenha chegado ao consumidor é pequena, avaliam autoridades envolvidas na terceira fase da Operação Leite Compen$ado, que desmascarou nova fraude nesta quinta-feira.
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O novo esquema de adulteração foi detectado pelas empresas LBR, fabricante das marcas Bom Gosto e Parmalat, e Laticínios Malmann, que recebiam leite da empresa do transportador Airton Jacó Reidel, 31 anos, e informado ao Ministério Público Estadual e ao Ministério da Agricultura. Ao chegar nas empresas, a legislação obriga a realização de diversos testes para verificar a adição de substâncias não permitidas ao leite.
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Conforme o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, responsável pela investigação do esquema no Ministério Público Estadual, não há como assegurar “100%” que nenhum lote tenha sido consumido porque, segundo ele, quem tem de dar a garantia são as indústrias, responsáveis por retirar de circulação o produto suspeito. No entanto, como as próprias empresas informaram as autoridades da presença de água oxigenada no leite recebido na região de Três de Maio, o risco tende a ser reduzido.
– Se passou algo pela indústria, foi numa concentração muito pequena, que não representa riscos à saúde humana – afirma Rockembach.
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O peróxido de hidrogênio, popularmente conhecido como água oxigenada, causa a redução do valor nutricional do leite. A adição da substância disfarça as más condições sanitárias de conservação e transporte, além de aumentar o volume, já que se transforma em água quando adicionado ao leite.
O discurso é o mesmo do promotor Alcindo Bastos da Silva Filho, da Promotoria Especializada em Defesa do Consumidor. O fato das indústrias terem rejeitado as cargas entregues reduz o risco do produto adulterado ter sido comercializado.
– Não tem como ter certeza absoluta. Se passou algo, foi em concentração muito pequena, com baixo risco à saúde – aponta o promotor.
A mesma garantia dos promotores é dada pelo superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, Francisco Signor.
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– Desse transportador o leite não deve ter chegado ao consumidor – afirma.
De acordo com o superintendente, após a deflagração da Operação Leite Compen$ado, em maio deste ano, o Ministério concentrou esforço de fiscalização no recebimento do leite nas agroindústrias e aumentou o número de coletas para detectar possíveis irregularidades.
A operação
Na manhã desta quinta-feira, três equipes formadas por 10 policiais, três promotores de Justiça, 11 servidores do MPE e três do Ministério da Agricultura cumpriram mandados de busca e apreensão no galpão e residência de Reidel, em outra propriedade da família em Nova Candelária e num posto de resfriamento da indústria LBR, em Giruá – onde os caminhões do suspeito entregam leite diariamente. No local, a equipe também encontrou vestígios de bicarbonato de sódio, soda cáustica e sal. Ainda não há confirmação de que essas substâncias foram adicionadas ao leite.
Operação Leite Compen$ado
Deflagrada em maio, a operação resultou em processos criminais de 19 pessoas: 10 em Ibirubá, quatro em Ronda Alta, duas em Guaporé, uma em Horizontina e outra em Três de Maio. Das 14 pessoas detidas 10 continuam presas, incluindo o vereador de Horizontina Larri Lauri Jappe (PDT).
Nas duas primeiras etapas, as operações estavam focadas na ação de atravessadores que adicionavam água e ureia com formol ao leite.
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