Se os debates e as conferências oficiais não resultarem em novas metas ou ações por parte dos governos, o encontro terá sido válido para quem foi aos eventos paralelos. Na Cúpula dos Povos, exemplos como a EcoBike ou as cisternas do Morro do Alemão dão indícios de que, com criatividade e empreendedorismo, sociedade civil e iniciativa privada podem ser tão atuantes quanto os governos.

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Aliar esforço físico e redução de gastos. Isso é o que propõe um projeto ainda em fase de testes que está chamando a atenção de quem passa pela Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. A EcoBike, bicicleta que gera energia a partir da movimentação de suas rodas, pode carregar celulares, tablets, ligar uma TV ou alimentar um painel de LED.

A iniciativa chama a atenção até mesmo dos menos chegados ao pedal, como as estudantes Dandara Herdi, 20 anos e Amanda Almeida, 24. Interessadas no projeto, mas pouco experientes do deslocamento sobre duas rodas, as jovens ficaram animadas com a possibilidade de economizar.

Segundo o responsável pelo projeto Marcelo Araújo, cada EcoBike gera cerca de 250 watts por hora, o que equivale a mais de uma hora de uso de um aparelho de som, computador ou televisão. Inicialmente, as bikes geravam seis watts, depois subiram para 25watts e 250. A tendência é continuar aumentando até chegar 1kw por hora.

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A iniciativa surgiu a partir de uma demanda do Greenpeace. Voluntário da ONG e com experiência na área de engenharia, Araújo decidiu criar o equipamento por conta própria. A construção demorou cerca de dois anos até chegar ao protótipo atual.

Atualmente, o modelo é apresentado em eventos. Mas até o final do ano Araújo pretende colocar no mercado um modelo comercial, para que as pessoas possam ter em casa o aparelho. Também está entre os planos comercializar baterias menores, acopláveis às bicicletas, que possam ser retiradas e utilizadas como carregador de energia. Quanto ao preço do produto, ainda não há definição.

– É um tipo de energia limpa muito mais barata do que a solar e a eólica- defende Araújo.

Favelas verdes

Além da iniciativa privada, nas comunidades também se encontram exemplos de como a sustentabilidade pode fazer parte do cotidiano do cidadão comum. A pacificação dos morros cariocas abriu espaço para que novas práticas em relação ao meio ambiente sejam estabelecidas. Algumas, como os projetos UPP Social e Morar Carioca Verde, têm a coordenação da prefeitura municipal, e são tentativas de incluir o subúrbio no remodelamento de gestão do Rio de Janeiro.

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São as ações impulsionadas pela sociedade civil, no entanto, que chamam mais a atenção. Um trabalho que está dando o que falar é o sistema de cisternas construídos no Complexo do Alemão, para o reaproveitamento da água da chuva. Uma pequena amostra do trabalho está sendo apresentada durante a Cúpula dos Povos. Com um reservatório construído especialmente para o evento, o projeto tem efeito demonstrativo para que as pessoas que circulam pelo Aterro do Flamengo conheçam a tecnologia. A cisterna fica interligada ao telhado da casa e a um calçadão, mostrando as duas formas de captação de água de chuva e mostrando que é possível fazer diferente até mesmo com poucos recursos.

Exposição leva milhares de pessoas ao Forte de Copacabana

Milhares de pessoas tiveram que esperar em uma fila gigantesca, que se estendia por mais de 500 metros, do Forte de Copacabana até a Praia de Ipanema, para visitar a exposição sobre sustentabilidade no Espaço Humanidade 2012. Segundo a organização do evento, cerca de 110 mil pessoas visitaram o local entre os dias 12 e 16.

O Humanidade oferece salas de exposição, algumas interativas, que têm por objetivo engajar a população no debate sobre como aliar crescimento econômico com desenvolvimento social e preservação do meio ambiente.

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Uma das salas mostra, em placares, quantas pessoas estão nascendo, quanto lixo está sendo produzido e quanto dinheiro é gasto em guerras, por exemplo.

*A repórter viajou como bolsista do programa patrocinado pela internews/OECO