As ruas na área central de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, amanheceram cobertas de água nesta segunda-feira (9). As principais vias, que no fim de semana eram habitadas por veículos, viraram rios por conta das chuvas que atingiram a região. Além disso, o nível da água ultrapassou os 10 metros — índice que não era registrado desde 2017. Mais de mil pessoas estão em abrigos montados pela prefeitura.

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Conforme a Defesa Civil, o rio Itajaí-Açu estava em 10.75 metros por volta das 6h. Durante a madrugada, a água subiu cerca de nove centímetros por hora, mesmo com a chuva dando uma trégua. A última vez que o município registrou um índice acima de 10 metros foi em junho de 2017, quando 18 dos 25 bairros da cidade foram afetados. Na época, os prejuízos com estragos giraram em torno de R$ 12,4 milhões.

AO VIVO: Veja o nível do Rio Itajaí-Açu em Rio do Sul

O avanço foi o suficiente para que a água alagasse dezenas de ruas na região. A estimativa da prefeitura é que mais de 2,7 mil casas tenham sido afetadas, deixando em torno de oito mil desalojados. Nos 21 abrigos montados pela prefeitura, 1.084 pessoas estavam alocadas segundo o balanço divulgado na noite deste domingo (8).

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Ao percorrer a cidade é possível ter uma noção do rastro deixado pelas cheias. No bairro Taboão, por exemplo, o campo de futebol se transformou em um lago, deixando apenas a ponta das traves visíveis. Já no bairro Canoas, embarcações eram a única forma de fazer deslocamentos. No Canta Galo, a água já chega na janela. As aulas no município foram canceladas até a próxima quarta-feira (11).

— Eu fiquei a noite inteirinha cuidando porque a água estava subindo demais. A cama nem me viu essa noite. [A água chegou] na parte de baixo e pegou tudo lá atrás e nas duas garagens. Eu estou com três mudanças lá dentro, na parte de cima, e esperando que pare por aqui, senão, perdemos tudo — salienta Sônia Espíndola, moradora do bairro Canta Galo.

Na manhã de domingo ao menos 11 ruas estavam interditadas por conta de alagamentos. Além disso, semáforos na região central foram desligados para preservação dos equipamentos.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar, 57 pessoas e sete animais foram retirados de áreas alagadas. No bairro Canoas, por exemplo, 10 pessoas foram resgatadas e encaminhadas para o abrigo. Desde quarta-feira (4), 82 ocorrências foram registradas entre deslizamentos de terra, queda de árvores e danos em ruas e pontes. 

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Só a ponta da trave: campo de futebol fica tomado pela água em Rio do Sul

No entanto, a previsão é de que a situação melhore nas próximas horas. Conforme a prefeitura, a estimativa é de que o rio atinja 11 metros ao meio-dia desta segunda-feira e, depois, comece a se estabilizar.

Confira imagens da cidade:

Cidades da região também são atingidas

Além de Rio do Sul, outros municípios do Alto Vale também ficaram ilhados por conta das chuvas. Em Taió, o rio atingiu a marca histórica de 12,11 metros na manhã desta segunda-feira (9) e já superou o registrado na enchente de 2011, quando ocorreu a maior cheia recente da cidade. Conforme o último levantamento, cinco abrigos foram montados e 200 pessoas estão abrigadas.

Em Rio do Oeste, o rio atingiu 9,31 metros, por volta das 19h30min de domingo. Segundo o chefe da Defesa Civil do município, Josnei Moser, o Centro da cidade foi quase todo tomado pela água e o município deve formalizar um pedido de ajuda humanitária. Atualmente, há dois abrigos abertos na cidade, com mais de 180 pessoas desalojadas.

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Já em Presidente Getúlio, são 163 desabrigados e 638 desalojados. Na noite deste domingo, os bombeiros voluntários atuaram no resgate de um jovem de 24 anos que estava na esquina entre as Ruas Curt Hering e Mirador, e que se segurava uma placa de sinalização e quase foi carregado pela correnteza da água. Também foi resgatada uma família com nove pessoas que estavam ilhadas em uma casa que ficava próxima ao rio.

Na SC-340 houve queda de barreira e árvores, e a pista ficou totalmente bloqueada.

*Com informações de Ana Cristina Machado, da NSC TV

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