Um grupo de oito pessoas foi resgatado na última semana de uma plantação de pinus, em Vacaria. Os trabalhadores, que vieram de Santa Catarina, estavam em regime de escravidão.
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A fiscalização foi feita pelo Ministério do Trabalho. A coordenadora de fiscalização rural do órgão no Rio Grande do Sul, Marilise De Zotti, participou da ação e conta o que encontrou no local.
– Estes trabalhadores simplesmente foram jogados no meio do mato, estavam morando debaixo de lonas de plástico, não tinham sanitários, com o frio tinham que tomar banho no rio. Além disso, eles trouxeram a própria comida de Santa Catarina e, inclusive, para conservar a carne, tinham que defumar. Isto não é dignidade – enfatiza.
Este é o terceiro caso descoberto só em 2011 no Rio Grande do Sul. Outro caso em Vacaria e um em São Jerônimo também foram identificados nos meses anteriores. As autoridades estão em alerta com aumento do número de incidências. Marilise explica que os trabalhadores são cooptados por intermediários, que são chamados de “gatos”.
– Ele pega estes trabalhadores, leva para o local, recebe da empresa e não paga os trabalhadores. As coisas funcionam deste jeito, não existia contrato, os trabalhadores não estavam registrados. Estas pessoas precisam trabalhar, e há uma promessa de ganho, mas eles chegam aqui e não encontram as condições para trabalhar – reforça.
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Os números também surpreendem entidades que lutam contra o trabalho escravo no Brasil. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que, em 2010, o Estado registrou apenas um caso, em uma plantação de batatas no município de Bom Jesus.
Para o coordenador da Campanha Nacional da CPT de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo, Frei Xavier Plassat, a ação mais intensiva das autoridades mostra que o problema ainda é maior.
– Podemos dizer que ainda estamos descobrindo a extensão do problema do trabalho escravo no Brasil. E o que observamos é a ponta do Iceberg. Demorou para as autoridades se conscientizarem do que é o trabalho escravo – avalia.
As empresaas envolvidas são autuadas, de acordo com a Norma Regulatória 31, que regula o trabalho no meio rural. As mesmas entram na chamada lista suja do governo federal e deixam de receber financiamentos de órgãos públicos. Mas Plassat acredita que ainda é preciso aprovar a PEC do Trabalho Escravo, que determina a desapropriação de terras de quem cometer este tipo de crime.
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Em todo o Brasil, a CPT registrou 204 casos de trabalho escravo em 2010. O Estado com o maior número de ocorrências foi o Pará, com 73 registros.