A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada no Centro do Rio de Janeiro neste sábado, teve momentos de tensão e acabou na expulsão, pela Polícia Militar, de militantes de movimentos sociais que a contestavam.

Continua depois da publicidade

A confusão começou depois que cerca de 150 manifestantes que defendem uma intervenção militar na política nos moldes do golpe de 1964 encontraram outro grupo, com cerca de 50 integrantes de movimentos sociais. Com posição política de esquerda, esses militantes protestaram contra a manifestação pró-golpe, que começara em caminhada pela Avenida Presidente Vargas iniciada na Candelária. O encontro dos dois grupos aconteceu perto do Comando Militar do Leste, na área da Central do Brasil, no Centro do Rio.

Policiais militares fizeram um cordão de isolamento entre as duas manifestações, mas houve um momento em que integrantes dos dois lados furaram o bloqueio. Houve corre-corre, e a Polícia acabou forçando os manifestantes de esquerda a deixar o local. Antes do tumulto, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) participou da Marcha. Ele disse, no entanto, que não é favorável à proposta de intervenção militar, que, segundo ele, “descaracteriza o movimento”.

Em São Paulo, duas marchas opostas

Em São Paulo, marcadas para começarem no mesmo horário, às 15 horas, teve neste sábado duas manifestações antagônicas: A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que pedia a volta dos militares ao poder, e a Marcha Antifascista, que reivindicava “ditadura nunca mais”.

Continua depois da publicidade

Na praça da República, no centro da capital, a Marcha da Família comemorava também os 50 anos da primeira edição da marcha, que ocorreu no dia 19 de março de 1964, quando organizações da classe média paulistana protestaram contra o Comunismo e abriram caminho para o golpe militar e início da ditadura no país, que seria instalada dias depois.

“Eu sou federalista, sou a favor da democracia. Só que a gente não tem certeza se a nossa democracia está sendo exercida. Então, sou a favor que os militares intervenham, não o regime, apenas para convocar novas eleições com voto impresso, para o povo ter garantia de que o voto que ele está dando está indo para quem ele colocou lá. Não é regime militar”, disse Walace Silvestre.

Os manifestantes, que tinham a expectativa de refazer o percurso da primeira edição do evento – da praça da República até a praça da Sé – gritaram, por vezes, “fora Dilma”, e entoaram melodias pedindo a prisão da presidenta e a volta dos militares: “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos os militares protegendo o Brasil”, e “um, dois, três, Dilma no xadrez”.

A marcha Antifascista previa deixar a praça da Sé e se dirigir até o prédio onde funcionou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército (DOI-Codi), na Luz.

Continua depois da publicidade

“Os partidos de direita no Brasil estão afastados do poder pelas eleições já há algum tempo. A falta de alternativas eleitorais legais os forçam a tentarem outras vias. Um golpe não é uma possibilidade afastada e a gente tem de prestar atenção no que está acontecendo”, ressaltou Rafael Dantas, militante do PCO, um dos partidos que participou do ato.