Carregar a tocha olímpica costuma ser privilégio para poucos. No entanto, para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, não apenas atletas, autoridades e celebridades, mas qualquer pessoa poderá levar o símbolo maior dos Jogos, desde que tenha sua história de representação dos valores olímpicos indicada por alguém.

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Confira como foi a cobertura do evento olímpico em São Paulo

Para a atleta de rugby, a catarinense Julia Sardá (LEIA ENTREVISTA ABAIXO), que se recupera de uma lesão para defender a seleção brasileira nas Olimpíadas do Rio, levar a tocha é um sonho de criança.

– Minha mãe sempre foi apaixonada por esportes, até a indiquei para carregar a tocha, porque ela quis ser atleta e minha avó não deixou. Ela acredita no poder transformador do esporte. Sempre assisti às Olimpíadas com ela, desde criança, e via a tocha, é um símbolo especial e acredito que os escolhidos vão sentir essa emoção – conta a jogadora do Desterro Rugby, que participou do lançamento da campanha patrocinada pelo Bradesco para o revezamento da tocha nesta segunda-feira, em São Paulo.

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As inscrições para indicar um dos 12 mil condutores já estão abertas e vão até outubro. Os selecionados serão revelados em fevereiro de 2016. Pelo menos três cidades catarinenses são destinos certos, Florianópolis, Blumenau e Joinville, onde a tocha pernoitará. Mas outros municípios do Estado estarão pelo caminho, num total de 300 em todo o Brasil.

– A tocha representa tudo o que um atleta sonha e também a sensação que o esporte traz na vida, que não é só o alto rendimento, serve para incluir as pessoas, ensinar muitas lições de vida, por isso é tão emocionante estar próximo dela – acrescenta o jogador de basquete Vítor Beníte, medalhista de ouro no Pan de Toronto.

Para participar da campanha acesse o site: www.bradesco.com.br/tocha.

Confira abaixo uma entrevista com a catarinense Julia Sardá, jogadora de rugby do Desterro e da seleção feminina

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DC – A um ano da Rio-2016, já caiu a ficha de que está chegando?

Julia Sardá – A gente vai ficando cada vez mais nervosa. Mas toda atleta que sonha em ser olímpico vive esse sonho todo dia. Posso acordar seis da manhã, mas estou indo atrás do meu sonho e é isso que a gente busca todo dia. Todo dia onde a gente treina tem coisas referentes à Olimpíada, tem até uma plaquinha que diz que a gente representa mais de 200 milhões de brasileiros. Eu que estou machucada fico ainda mais nervosa. Mas todos os esforços agora são para chegar bem na Rio-2016 e representar bem o país. Mostrar ao Brasil o que é rugby e mostrar ao mundo que o Brasil tem rugby de qualidade.

Confira o especial sobre o rugby catarinense

DC – Essa tocha Olímpica tem algum significado especial?

Sardá – Minha mãe sempre foi uma apaixonada por esportes, eu até a indiquei para carregar a tocha porque ela sonhava em ser atleta e minha avó não deixou. Então ela falou que quando tivesse filhos eles praticariam esportes, não para ser atleta, mas porque ela acreditava no poder de transformação do esporte. Sempre incentivou, me levava para corrida de rua quando eu era pequena, lavava os uniformes do Desterro, costurou muito uniforme, faz bolo até hoje para as meninas venderem e poderem viajar para competir. Sempre assisti à Olimpíada com ela, desde criança a gente sempre viu a tocha, a cerimônia de abertura. A tocha com certeza é um símbolo muito especial da Olimpíada e acredito que os 12 mil brasileiros escolhidos para levar vão sentir essa emoção.

DC – Como foi acompanhar de longe o bronze conquistado pelo time feminino do rugby no Pan de Toronto?

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Julia Sardá – Fui a última a ser cortada por causa de uma lesão. Até depois de machucar o técnico tinha conversado comigo que se eu voltasse a correr até uma semana antes do Pan ele me levaria, mas infelizmente a lesão foi muito mais grave do que eu imaginava. Fiquei aqui, mas minha família foi. Porque somos um time muito unidas, com certeza são 12 que vão, mas estão representando não só as 30 meninas da Seleção, mas todas as que gostam do rugby no Brasil.

DC – O rugby é realmente um esporte que a gente vê os atletas muito apaixonados…

Julia Sardá – Quando você entra, você vê os princípios do rugby e não quer mais largar. Tem gente que entra e nem gosta tanto de jogar, mas fica envolvido. Pode não jogar, não ser uma das melhores do time, mas vai para ajudar, carregar água, tentar conseguir um patrocínio, porque se apaixona pelo esporte mesmo.

DC – E você foi criada no rugby do Desterro, em Florianópolis?

Julia Sardá – Nasci em Florianópolis, fazia atletismo, cheguei a representar a cidade em Joguinhos, Jogos Abertos, aí quando encerrei minha carreira no atletismo, na época da faculdade, fui convidada por uma amiga. Eu estava jogando basquete e reclamava que não tinha contato, tudo era falta, e aí ela falou “então você deveria jogar rugby”. Três meses depois fui convocada para a seletiva da seleção, passei, seis meses depois estava jogando o primeiro campeonato Sul-Americano que teve. Isso foi em 2004, estou há mais de 10 anos na seleção, já fui capitã por quatro anos.

DC – Então você acompanhou de perto todo o crescimento do esporte no Brasil?

Julia Sardá – Comecei quando tinha 10, 15 times femininos no Brasil. Hoje tem mais de 100. Não era esporte olímpico, tinha uma competição por ano, hoje tem um circuito bem estruturado. Eu consegui acompanhar toda a transformação do rugby brasileiro. O Desterro foi o segundo time feminino do país, e é o mais antigo ainda em atividade. É um time com muita história, muita tradição, já ganhou muitos campeonatos e sempre esteve entre os melhores times do Brasil. Quando o rugby virou olímpico tudo mudou, patrocinadores vieram para nossa associação, que virou confederação. Hoje a gente vai a seis, sete competições internacionais no ano e tem mostrado ao mundo que o Brasil tem rugby, e rugby de qualidade.

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* Repórter viajou a convite do Bradesco