O cantor Chrystian, que fazia dupla sertaneja com Ralf, morreu nesta quarta-feira (19), em São Paulo. Ele havia sido diagnosticado com “uma condição médica que exige repouso imediato e tratamento especializado”, de acordo com a assessoria do artista. As informações são do g1.

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Em fevereiro deste ano, a equipe do sertanejo comunicou que ele tinha uma condição genética chamada rim policístico, que comprometia o desempenho renal dele.

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Chrystian deveria passar por um transplante de rim até o fim deste ano, mas a cirurgia foi adiada. O órgão seria doado por Key Vieira, esposa dele.

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O que é rim policístico?

A doença é hereditária, ou seja, pode ser transmitida pelos pais ao filho quando ele está em formação.

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Uma a cada mil pessoas têm a condição, o que faz com que a doença seja relativamente comum, segundo o médico presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia e diretor clínico do Hospital do rim (SP), Lúcio Requião.

— Para cada característica que é definida geneticamente, nós temos um gene herdado da mãe e um gene herdado do pai. Quando a doença é autossômica dominante, basta que um dos dois genes herdados esteja afetado para que a doença se manifeste. Então, em geral, quem tem rim policístico tem um pai ou a mãe com a mesma doença — explicou o médico ao g1.

Apesar de mais comum em homens, o médico presidente da Sociedade Goiana de Nefrologia, Ricardo Araújo Mothé, explica que essa não é uma doença ligada ao cromossoma que define o sexo. A probabilidade de filhos de pessoas afetadas pela condição nascerem com a doença é de 50%, independentemente do gênero.

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— Não tem uma prevalência maior ou menor de acordo com o gênero. Mas o sexo masculino está associado a um pior prognóstico, geralmente ele evolui para a insuficiência renal mais frequentemente ou mais rapidamente do que as mulheres — esclarece Mothé.

A doença não está relacionada aos hábitos ou à alimentação pelo fato de ser genética, segundo o urologista Pedro Junqueira, doutor pela Universidade de São Paulo (USP).

— Como é hereditário, o paciente que tem a genética terá uma grande chance de desenvolver os cistos, ou seja, não é uma doença contagiosa ou que tenha relação com algum tipo de alimento ou hábito e, infelizmente, não tem cura — pontua Junqueira.

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Como é o rim policístico

Segundo os dois médicos, o rim policístico possui uma série de cistos em seu interior. O órgão, então, fica inchado e passa por dilatações que são como “várias bolhas” juntas.

— No processo de formação da urina, que é a principal função dos rins, existe uma estrutura tubular que, por conta do gene doente, passa a ter sua estrutura alterada. Ao invés de fazer o formato de túbulos, formam dilatações e cistos. O rim aumenta de tamanho e distorce sua anatomia — esclarece Lúcio Requião.

Segundo o médico, um rim normal adulto tem, em média, 10 a 12 centímetros. Um rim policístico, por outro lado, pode chegar a 25 centímetros.

Sintomas

Os rins policísticos não acarretam sintomas na fase inicial, explica Junqueira. Mas a partir do momento que a doença se desenvolve, o órgão aumenta de tamanho devido aos cistos: é aí que o paciente pode sentir dor e sensação de estômago cheio.

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— O volume urinado também pode diminuir em alguns casos — reforça o médico.

Já o médico Lúcio Requião destaca que o paciente pode perceber massas abdominais irregulares na região dos rins: com o aumento do órgão, o abdômen também cresce.

— Às vezes a barriga fica grande e o paciente pode ter a percepção de massas abdominais, porque os cistos não são lisos, são irregulares. Também pode ter dor, porque aumenta o tamanho do rim, então comprime os outros órgãos — explica Lúcio.

Mas a manifestação química mais importante causada pelo quadro é a alteração da função renal, segundo os dois médicos. Com o passar do tempo, a capacidade de filtrar o sangue adequadamente é perdida, e esta é a função mais importante do rim.

— Alguns pacientes desenvolvem sangramento. O cisto pode com algum trauma ou com um esforço físico maior, acabar sangrando e o paciente vai ver o sangramento na urina. Em casos mais avançados, esses cistos podem ser fatores de exposição para formar cálculos, que é a calcificação dentro dos cistos e, às vezes, até casos que predispõem a infecções urinárias — detalha Mothé.

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Já Lúcio explica que algumas pessoas já nascem com pequenos cistos, que crescem ao longo do tempo. Apesar disso, eles normalmente só são identificados entre 20 e 30 anos.

O diagnóstico acontece, geralmente, porque o paciente já tem conhecimento de um familiar que possui a doença ou porque apresenta algum sintoma e realiza um exame de ultrassom.

O transplante é necessário em todos os casos?

Segundo os médicos, nem toda a pessoa com a condição vai necessitar de um transplante. No caso de Chrystian, Pedro Junqueira avalia que é bem provável que os cistos tenham tido um aumento em número e volume. Por conta disso, a parte do rim que funciona é substituída pelos cistos.

O médico explica que, com isto, o rim para de funcionar, e aí surge a necessidade de hemodiálise e/ou transplante.

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Já Lúcio Requião diz que doenças como diabetes e hipertensão podem agravar o caso e exigir que o paciente faça um transplante.

— No Brasil, dos 150 mil pacientes que estavam em diálise em 2022, somente 4% deles estavam em diálise por causa de doença renal policística. Aqui as duas principais causas que levam o paciente a ter insuficiência renal e a necessidade de fazer diálise ou transplante são pressão alta e diabetes — afirma Requião.

Como é o tratamento?

A doença não tem cura. Por isso, os especialistas recomendam tratamentos que diminuem a velocidade com que os cistos aumentam. Apesar disso, nenhum deles é direcionado à doença, porque nenhum irá alterar a mutação genética.

— Isso (cura) não está disponível ainda na medicina atual. Então, normalmente os tratamentos são medidas que são feitas para o controle de qualquer doença do rim, como o aumento da quantidade de ingestão de água, maior controle da pressão arterial, uma boa alimentação — explica Lúcio.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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