Ricardo Stanziola Vieira é veementemente contrário ao Código Ambiental catarinense. Especialista em Direito Ambiental e professor do Mestrado de Políticas Públicas da Univali, ele acredita que o código foi uma manobra política do governador Luís Henrique da Silveira com o intuito de incentivar o agronegócio e a expansão imobiliária em faixas de preservação permanente. Vieira entende que o governo se aproveitou das divergências entre ambientalistas conservadores e os que defendem o crescimento a todo custo para conseguir sancionar a código. Continua depois da publicidade A Notícia – O senhor vê legalidade no texto do código? Ricardo Stanziola Vieira – De forma alguma. O estado não tem competência para criar uma norma menos restritiva do que a existente, com é o caso do Código Florestal. Além do mais, o código atende aos interesses do agronegócio. A agricultura familiar e o pequeno agricultor já são atendidos pelo Código Florestal Brasileiro. Existem possibilidades claras de manejo sustentável pelo código federal. O governador usou o argumento de que ajudaria os agricultores menores, o que é uma mentira. Se fosse o contrário, não teria legitimidade. Na verdade, esse código é populista, incentiva o crescimento imobiliário em áreas de faixa costeira e de preservação permanente. Proponho que o governador declare o real objetivo desse código. AN – O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que vai mandar o Ibama prender quem desrespeitar o Código Florestal. O que o senhor achou dessa afirmação? Vieira- Tanto o ministro quando o governador estão equivocados. Não é o caso de enfrentamento policial. O Minc tem que criar mecanismos políticos e anular esse código. Continua depois da publicidade AN – Há algum benefício no código catarinense? Vieira – Não. Somente o efeito colateral, que é a discussão produzida na mídia e na sociedade. AN – O senhor acha que os acontecimento de novembro de 2008 foram levados em consideração pelo governador? Vieira – Logicamente que não. Está claro que o código é a favor do agronegócio e do setor imobiliário.
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