O escritor Ricardo Hoffmann torna-se imortal da Academia Catarinense de Letras, homenagem a uma vida dedicada à literatura. Eleito em dezembro para suceder Silveira de Souza na cadeira 33, a cerimônia de posse acontece na próxima terça-feira, dia 19, no Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis. O romance de estreia, “A Superfície’’ (1967), foi considerado pela crítica nacional como um dos melhores do gênero e o catarinense conquistou projeção nacional.

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Natural de Criciúma, nasceu em outubro de 1937 e passou a infância em Blumenau. A mãe Maria Mathilde escrevia poesias. O pai dedicou-se à música e à pintura. Hoffmann chegou a concluir a graduação em Direito, mas seguiu o caminho dos pais. Ao lado da esposa Marilza, com quem foi casado por 50 anos, também transmitiu às filhas desde pequenas o gosto pela literatura, acompanhando-as nos primeiros passos da leitura de clássicos, como Lewis Carroll.

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Ele mesmo deu vida a personagens – animais, plantas, objetos – que falavam com as crianças. Após publicar o segundo romance, “A Crônica do Medo” (1972), escreveu uma série de livros infantis. “O Trenzinho Fora da Linha” foi o primeiro deles, publicado em 1987, seguido por “O Circo das Plantas” (1988) e “O Hotel dos Bichos Desamparados” (1988). Em 1990, em “Pequeno Coração” contou a história do casal de beija-flores Tzin e Tzian, que teve o ninho com ovinhos retirado por homens que destruíram o jardim que os abrigava, uma temática bastante atual.

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Do singelo mundo infantil e dos romances elaborados, a trajetória de Hoffmann se estende ainda a outros temas contemporâneos relacionados à sociologia do desenvolvimento e gestão universitária, área que fez mestrado e extensão e trabalhou como técnico em assuntos educacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também foi coordenador de análise do mercado de trabalho do Ministério do Trabalho, em Brasília, e um dos planejadores do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

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Em 2016, lançou o ensaio “Conhecimento & Ação”, que reuniu artigos desde 2006 abordando a importância da democracia informacional. Os jornais “Diário Catarinense”, “O Estado”, “Correio Braziliense” e “O Estado de S. Paulo” publicaram alguns dos artigos de Hoffmann.

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Na comemoração dos 80 anos de vida, presenteou os leitores com o lançamento da “Casa da Matéria” (2018), coletânea de 14 poesias da década de 1970 e selecionadas para o 1º Concurso de Poesia de Florianópolis, em 1977. Por todo o conjunto da obra, foi homenageado com o Prêmio da Academia Catarinense de Letras, em 2020. A seis meses do 85º aniversário, dedicado a artigos para o blog dele e com textos inéditos, retorna agora à ACL como imortal.

*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

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