A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos tentavam nesta quinta-feira restabelecer a calma em Áden, onde os combates levaram à conquista de grande parte da segunda maior cidade do Iêmen pelas forças separatistas às custas do governo.
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Anteriormente aliados, as forças separatistas e o exército leal ao presidente Abd Rabbo Manssur Hadi entraram em confronto entre domingo e terça-feira em Áden (sul), minando a coalizão árabe contra os rebeldes huthis apoiados pelo Irã.
Os confrontos, que deixaram pelo menos 38 mortos e 222 feridos, enfraqueceram ainda mais o governo de Hadi, reconhecido pela comunidade internacional, mas que perdeu quase todas as posições em Áden, onde se refugiou em 2015 após ser expulso da capital Sanaa pelos huthis.
Hadi, ele mesmo refugiado na Arábia Saudita há quase três anos, denunciou um “golpe” separatista contra seu governo.
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Esta crise evidenciou as divisões entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, pilares de uma coalizão que opera desde março de 2015 no Iêmen com o objetivo de restaurar a autoridade do governo e expulsar os huthis.
Riad continua a apoiar o presidente Hadi, enquanto os Emirados treinaram uma força militar iemenita chamada “Cordão de Segurança”, que é vista como favorável ao poderoso movimento separatista no sul do Iêmen.
Áden foi a capital do Iêmen do Sul, um Estado independente antes da sua fusão com o Norte em 1990.
– ‘Mesma visão’ –
Nesta quinta-feira, a agência oficial dos Emirados Árabes Unidos WAN anunciou que autoridades sauditas e emiradenses da coalizão haviam chegado à Áden para assegurar que uma trégua fosse respeitada e para trabalhar na reconciliação.
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Esta delegação militar percorreu a cidade portuária e “encontrou todas as partes interessadas, enfatizando a necessidade de respeitar o cessar-fogo (…) e reorientar os esforços na linha de frente contra os (rebeldes) huthis”, segundo a agência.
De acordo com a WAM, a visita desta delegação faz parte do objetivo da coalizão árabe de apoiar o governo “legítimo” no Iêmen e “estabilizar” Áden.
Durante os combates entre as forças separatistas e governamentais, a coalizão multiplicou os pedidos de cessar-fogo. Mas suas tropas não intervieram, e Áden estava relativamente calma na quarta-feira.
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“A situação em Áden é estável e todas as partes estão totalmente comprometidas” para cessar as hostilidades, garantiu o general saudita Mohammed bin Said al-Mughaidi, membro da delegação.
A Arábia Saudita e os Emirados têm “um objetivo comum, a mesma visão e não têm ambições”, afirmou.
Contudo, bandeiras separatistas continuavam hasteadas em vários prédios públicos em Áden.
O aeroporto internacional reabriu nesta quinta-feira com um primeiro voo da companhia Yemenia par ao Cairo, segundo a agência governamental Saba.
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A aliança do governo com os separatistas do sul começou a se complicar em abril, quando Hadi destituiu o ex-governador de Áden, Aidarus al Zubaidi, que no mês seguinte formou um Conselho de Transição do Sul, autoridade paralela controlada pelos separatistas.
Na semana passada, este conselhou deu um ultimato a Hadi, a quem exige a destituição do premiê, Ahmed ben bin Dagher, e “mudanças no governo”, acusado de corrupção.
O ultimato expirou no domingo e nesse dia explodiram os confrontos.
Em sua primeira aparição pública desde o início da crise, Zubadi assegurou na terça à noite que os separatistas estavam do lado da coalizão árabe contra os huthis.
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* AFP