Funcionários judiciais e policiais fizeram buscas neste sábado (25) em uma casa de campo da ex-presidente e senadora argentina Cristina Kirchner, investigada por corrupção, em um caso que envolve empresários e ex-altos funcionários, continuavam neste sábado pelo segundo dia consecutivo, comprovou um jornalista da AFP.

Continua depois da publicidade

Esta semana também foram alvo de procedimentos similares outras duas residências da mulher que governou a Argentina entre 2007 e 2015, após suceder o marido, o falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007). Por enquanto não foi encontrado nada de importante, segundo fontes judiciais citadas pela imprensa local.

Até o momento, não foi encontrado nada importante, segundo fontes judiciais citadas pela imprensa local.

“Foi analisado neste sábado o subsolo da casa”, disse uma fonte da investigação, citada pela imprensa. Não se informou se a operação vai prosseguir no domingo.

Continua depois da publicidade

O juiz encarregado do caso, Claudio Bonadio, considera que o casal K comandava uma associação ilícita, destinada a arrecadar propinas milionárias, uma acusação à qual se somou o presidente argentino, Mauricio Macri.

Kirchner reagiu e disse esta semana ser uma perseguida política do macrismo, ao qual acusou de montar “um show midiático”, enquanto a população sofre com “políticas econômicas horríveis”.

A residência revistada é uma casa de dois andares na localidade de El Calafate, na Paragônia. A casa com jardim fica próxima da geleira Perito Moreno, uma das atrações turísticas do país, 2.000 km a sudoeste de Buenos Aires.

Continua depois da publicidade

– Buscas em paredes e nos pisos –

Batalhões de funcionários judiciais e policiais fazem as buscas, equipados inclusive com escâneres para examinar dentro das paredes ou dos pisos.

Estes procedimentos são realizados depois que o Senado deu luz verde a um pedido da Justiça para fazer buscas nas residências de Kirchner, um passo necessário devido ao foro privilegiado da senadora, que também votou a favor da medida.

As buscas no apartamento de Kirchner em Buenos Aires durou 13 horas entre a quinta e a sexta-feiras. A segunda operação foi na casa da família em Río Gallegos, também na Patagônia, a 300 Km de El Calafate.

Continua depois da publicidade

“O dinheiro da corrupção explica todas as coisas que nos faltam (no país)”, disse Macri na sexta-feira.

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, Adolfo Pérez Esquivel afirmou neste sábado que “desatou-se em todo o continente a criminalização e a perseguição das frentes políticas populares” em Argentina, Brasil e Equador.

Um informe judicial oficial reportou na sexta-feira que na investigação foram tomados até agora “52 depoimentos indagatórios, tendo conseguido a detenção de 26 pessoas, 11 das quais foram postas em liberdade, subsistindo 2 pessoas com ordem de captura”.

Continua depois da publicidade

“Entre os acusados, 17 depuseram como arrependidos, e 15 deles assinaram acordos que foram homologados pelo juizado e serão beneficiados com uma redução de pena”, indicou o documento.

Entre os grandes empresários envolvidos, estão magnatas de obras públicas e da indústria, como Paolo Rocca (Techint). Entre os arrependidos está um executivo da empresa espanhola Isolux.

As investigações começaram em 2 de agosto quando o juiz Bonadio chamou para depor Oscar Centeno, motorista de um ex-ministro de Kirchner, para interrogá-lo sobre o conteúdo de cadernos nos quais, durante mais de uma década, anotou as viagens que fez levando milhões de dólares de supostas propinas de empresários para altos funcionários. Ex-militar expulso do Exército, Centeno está em liberdade sob custódia.

Continua depois da publicidade

* AFP