Reportagem divulgada pela revista IstoÉ na edição deste fim de semana aponta que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) teria enviado seguranças da Casa para missões sigilosas em sua terra natal. Teriam sido pelo menos três viagens – em fevereiro, outubro e novembro deste ano -, com supostas diligências ilegais, monitoramento de pessoas e tomada de depoimentos em uma delegacia.
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De acordo com IstoÉ, três servidores teriam sido usados na empreitada e teriam violado competências que são exclusivas da Polícia Federal e da Polícia Civil. Isso porque, segundo a reportagem, a chamada “polícia legislativa” tem como atribuição apenas a guarda e a proteção dos parlamentares e do patrimônio do Legislativo.
Só uma das viagens foi parcialmente justificada, apontou IstoÉ, sob o argumento de que senadores alagoanos – existem apenas três – estavam sendo vítimas de tentativa de extorsão por meio de telefonemas anônimos. Dessa maneira, os policiais do Senado teriam sido enviados para tentar desbaratar o suposto esquema e teriam agido sem autorização judicial.
A assessoria de imprensa do Senado informou à revista que a missão teve como objetivo investigar a extorsão e que um dos depoentes confessou ter obtido R$ 20 mil com o golpe, mas não disse qual parlamentar pagou. O deslocamento dos três agentes custou aos cofres públicos R$ 30 mil, considerando as passagens, diárias e o aluguel de automóvel, informou a reportagem.
A revista divulgou que a polícia da Câmara também faria missões secretas e cita que, em abril deste ano, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), teria autorizado dois servidores a ficarem 10 dias no Tocantins “colhendo provas” para um processo administrativo.
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Com R$ 7 mil em diárias, passagens e aluguel de carro pago pela Câmara, os servidores teriam percorrido os municípios de Formoso do Araguaia e Gurupi dando carteiraços, realizando interrogatórios e reunindo informações, conforme a reportagem.
À IstoÉ, a assessoria de imprensa da Câmara alega que o trabalho externo faz parte de uma investigação de fraude previdenciária. Renan e Alves não se manifestaram sobre o assunto.