A situação atual da pandemia de coronavírus em Santa Catarina exige novas restrições por parte de governos e da população em geral. Em Chapecó, no Oeste do Estado, algumas das medidas restritivas anunciadas nos últimos dias incluem a suspensão dos chamados eventos sociais e de festas e reuniões familiares em casas, sítios e chácaras.

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O decreto publicado na segunda-feira proíbe a permanência em reuniões familiares “em que se constate a presença de pessoas não pertencentes ao núcleo familiar residente no local”, o que na prática proíbe também receber visitas. A prefeitura de Chapecó detalha que a norma se refere a reuniões festivas e recreativas, e que visitas para auxiliar algum familiar não se encaixam nesta regra. A medida entrou em vigor na terça-feira e é válida até a noite de domingo (28).

Em Santa Catarina, um novo decreto com algumas restrições passou a vigorar na quarta-feira (24). No entanto, o texto não menciona festas ou reuniões de família e foca mais em medidas como proibição de casas noturnas, de venda de bebida alcoólica da meia-noite às 6h e a redução de capacidade de setores como transporte coletivo e parques, cinemas, circos e igrejas.

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Em outros momentos, de regras mais rígidas no Estado contra a disseminação do vírus, outras regiões também buscaram desencorajar festas e encontros de amigos e famílias em casas. Em dezembro, por exemplo, Florianópolis teve restrição a festas familiares publicada em um decreto municipal.

As medidas de restrição ocorrem em um momento que o Estado atravessa momento de colapso em praticamente todas as regiões. Até a noite desta quinta-feira (25), SC tinha 31,8 mil casos ativos de Covid-19 e 94% de ocupação dos leitos adultos de UTI. Hospitais de todas as regiões relatam falta de vagas de terapia intensiva e o Estado tenta comprar leitos na rede privada, que também registra cenário de lotação. Em alguns locais há relatos de pacientes intubados no corredor

Mesmo sem proibições de reuniões familiares atualmente em vigor em outras regiões além do Oeste, o momento atual da pandemia no Estado requer um passo atrás e um aumento nos cuidados contra a disseminação do vírus. Uma parte dessa cautela envolve evitar aglomerações e festas não só em bares, casas noturnas ou estabelecimentos incluídos nas restrições estaduais, mas também em encontros e reuniões em família, que podem igualmente representar risco de contaminação.

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“É hora de fazer as coisas em casa”, diz infectologista

A infectologista Sabrina Sabino considera acertada a medida de proibir as reuniões familiares adotadas em Chapecó, e defende que a ação seja estendida ao Estado, tanto pelo governo quanto por iniciativa da própria população.

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Ela alerta que esses encontros entre pessoas da família, mas que estão fora do ciclo de pessoas que moram no mesmo local, resulta em um risco maior de contágio pelo novo coronavírus.

– Quanto menos pessoas que não são do seu convívio estiverem próximos, sem máscara, maior a proteção. Você pode estar em um ambiente com mais pessoas usando máscara, com distanciamento, higienizando frequentemente as mãos. Mas quando eu quebro essa barreira, digamos que eu vá chamar um primo ou parente distante, ele pode estar contaminado, e aí é fonte de disseminação para toda a família, como a gente já viu acontecer no Norte do Brasil – afirma.

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A especialista considera que as medidas tomadas no Estado nesta semana são “para inglês ver”, brandas perto do que a situação atual da pandemia nas regiões de SC exige.

– Algumas regiões já estão em calamidade e falta pouco para todas as regiões entrarem, mas as pessoas não entendem isso. As pessoas só entendem quando é com alguém da sua família, porque ainda existe muito negacionismo. É hora de colocar o pé no freio, colocar a cabeça para pensar e fazer as coisas o quanto mais em casa – conta.

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