A polêmica sobre o reúso da areia de fundição foi o tema central da reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema), realizada na quarta-feira de manhã, na Associação Empresarial de Joinville (Acij).
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A analista ambiental da Tupy, Raquel Carnin, apresentou aos conselheiros dados das últimas pesquisas sobre o assunto, realizadas no Brasil e no mundo, números que evidenciam um potencial ainda pouco explorado em Santa Catarina, que 670 mil das 3 mil toneladas que o país produz, por ano, deste resíduo.
Segundo Raquel, só a Tupy gera, 240 mil toneladas por ano de areia de fundição. Sendo que apenas 5% das quase 23 mil toneladas/mês de areia proveniente dos moldes de fundição são reaproveitadas na usina de fabricação de pavers (blocos usados na confecção de calçadas), mantida pela unidade, que doa esses pavers para entidades.
Enquanto isso, cerca de 10 mil toneladas da chamada areia verde de fundição, que poderiam ser reaproveitadas, acabam sendo encaminhadas para o aterro próprio da Tupy, ao custo de R$ 18,00 a tonelada. Já a chamada areia de macharia (usada na confecção dos machos, para moldar internamente as peças metálicas), é regenerada e reaproveitada no processo fabril.
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Para a pesquisadora, Santa Catarina precisa ampliar o reaproveitamento a areia de fundição, que já vem sendo amplamente usada na construção civil, na agricultura, como base e sub-base para a pavimentação, base para assentar tubulações e material de cobertura em aterros sanitários em outros Estados e países.
– Nos Estados Unidos, a meta estabelecida para 2015 é reaproveitar 50% da areia de fundição gerada pelas fundições do país – exemplificou Raquel.
Alguns conselheiros do Condema, porém, expressaram preocupação quanto às consequências desta reutilização. Para eles, antes de aprovar o uso da areia de fundição para outras atividades, é necessário realizar estudos mais aprofundados sobre a possibilidade de contaminação do solo e da água, e os efeitos desta exposição a componentes químicos como fenóis ao organismo humano.
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Por enquanto, o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) autoriza apenas a reutilização da areia descartada de fundição para fabricação de artefatos de concreto não estruturais (como o paver) e fabricação de concreto asfáltico. Mas para especialista Raquel Carin, o Estado precisa pensar, o quando antes, na ampliação destes usos, até porque, a até agosto as fundições e outras indústrias precisam repensar suas práticas para reduzir ao máximo o envio de rejeitos industriais para aterros.
Isso porque, pela nova lei de resíduos sólidos, obriga as empresas a reaproveitar tudo o que for passível de reuso, para preservar recursos naturais. Assunto que deve ser tema de uma nova reunião, nesta quinta-feira na Acij, às 19 horas.
– A Fundema irá apresentar um estudo sobre a geração de resíduos industriais em Joinville – antecipa a gerente de desenvolvimento e gestão ambiental da Fundema, Stella Maris.
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Segundo ela, a reunião, juntamente com uma série de audiências públicas, servirá de base para elaboração do Plano Municipal de Resíduos, que a Fundema pretende concluir até agosto.