Desde o dia 20 de setembro, criança só nasce em Camboriú se os pais tiverem plano de saúde ou pagarem pelo parto, seja ele natural ou cesariana. Isso porque a maternidade do único hospital da cidade não está mais atendendo o SUS. O motivo é o mesmo que fez a prefeitura assumir o pronto-socorro: falta de recursos.

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A decisão foi tomada depois que o único pediatra que atendia a unidade se demitiu, alegando falta de pagamento. A diretoria da Fundação Hospitalar de Camboriú aproveitou a oportunidade para fechar a maternidade.

Nesta quinta-feira, diretores, conselheiros e médicos da entidade foram convocados pelos vereadores para buscar uma solução. E parece que todos saíram de lá com uma ideia na cabeça: a comunidade precisa ajudar o hospital a se reerguer.

Por isso, um projeto de lei deve ser construído nos próximos dias para que os moradores que tiverem interesse possam doar um valor simbólico, junto com a conta de água, que será destinado ao hospital. A sugestão partiu do presidente do conselho do hospital, Luiz Espíndola.

– Se não acharmos uma solução, o hospital caminhará para o fechamento total – resumiu.

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Outra ideia é fazer eventos beneficentes para angariar fundos para a entidade. O primeiro está marcado para 25 de novembro, quando acontece uma macarronada, oportunidade para apresentar à comunidade as dificuldades que o hospital vem passando.

Atrasos

Um dos médicos presentes, o anestesista Luiz Alberto Vercosa, confirmou que alguns médicos estão com salários atrasados e que viu pelo menos 10 companheiros deixarem o hospital pelo mesmo motivo.

– O dinheiro que o SUS repassa vem discriminando a parte que é destinada ao médico. Mas a administração usa para outras finalidades. Como sou o único anestesiologista e eles precisam de mim, senão o hospital para, eu recebo certinho. Caso contrário, já teria saído também – comentou o médico.

Déficit da maternidade é de quase R$ 30 mil por mês

A diretora administrativa da Fundação Hospital de Camboriú, Margareth Cadore, explica que o déficit mensal do hospital com a maternidade é de R$ 29,9 mil. E que, mesmo se o pediatra não tivesse deixado o hospital, a tendência era que a sala de parto restringisse os atendimentos ao SUS mesmo assim. Por isso, mesmo se um novo profissional for contratado, dificilmente será reaberto.

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Enquanto isso, os cerca de 120 partos mensais que aconteciam na unidade passam a ser atendidos no Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, no Marieta, em Itajaí, e, principalmente, no Hospital de Navegantes.

Margareth também admite que alguns médicos não estão com os salários em dia. Ela alega que a dívida do hospital já chega a R$ 6 milhões e que todo repasse do SUS vem com desconto de R$ 33 mil por causa de um empréstimo e a unidade ainda tem um custo mensal de R$ 20 mil com débitos trabalhistas.

– Nós precisamos que o hospital tenha uma pequena margem de lucro, para poder equilibrar as contas mensais e ajudar a pagar as dívidas – comentou.