Bem localizado, um galpão no bairro Rio Branco, na Capital, conteria, para uma criatura sem olho clínico ou “arquitetônico”, o inconveniente da frente de apenas 3,50 metros de largura. Mas as arquitetas do escritório Urbana Arquitetura – todas na faixa dos 30 anos – perceberam o potencial da construção degradada no terreno de 37 metros de comprimento.
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Ao receber o desafio de formatar o refúgio de um jovem advogado de apenas 27 anos que curte dar festas – característica determinante do lifestyle para o projeto -, ao mesmo tempo adotaram o galpão abandonado e transformaram a área construída de 246 metros quadrados na primeira casa para o rapaz cortar simbolicamente o cordão umbilical que o ligava aos pais.
A solução natural convergiu para um loft, que não só tirou partido da vocação industrial imposta ao imóvel que outrora já havia sido residencial, como aprofundou essa relação, com o uso de materiais de canteiro de obra. O reconhecimento do valor dessa conversão valeu o prêmio O Melhor da Arquitetura ao Loft Vasco como a melhor reforma residencial do Brasil em 2012 em concurso organizado pela Editora Abril.

As sócias Taís Lagranha, Cláudia Titton e Mariana Hugo – esta a responsável pelo projeto – partiram do inventário do prédio para definir a proposta, mantida com parte da fachada intacta, contraponto à porta amarela.

Para segurar os custos, as intervenções ficaram em um nível mínimo ao aproveitar ao máximo a construção original. Isso ajudou a manter o aspecto industrial, confirmado pelas novas tubulações aparentes e os preexistentes blocos de concreto e mezanino. Por razões funcionais, confortos térmico e acústico, o telhado metálico degradado deu lugar a telhas sanduíche.
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– Pelo menos custaria o dobro do valor uma reforma básica convencional – ressalta Mariana, ao se referir a intervenções com revestimentos cerâmicos novos em pisos e paredes, acabamentos como massa corrida e mobiliário de MDF, mudanças mais profundas do que este retrofit.

Para tornar o espaço aconchegante e “delicadamente diferenciado dos demais ambientes”, o recurso do piso de tacos de parquê foi reservado ao setor do estar e do dormitório – onde há a única grande porta divisória de correr para conferir privacidade ao cômodo. Com novas instalações hidráulicas, o loft passou a contar com dois banheiros, ligados ao quarto e outro à sala de jogos, ambos no mezanino, e um lavabo no pavimento térreo.