Passar diariamente por uma estrada em condições precárias é ruim. Pior ainda é multiplicar essa situação por seis. Seis rodovias estaduais que ligam cidades do Litoral sofrem com falta de manutenção, buracos na pista e sinalização deficiente. Prestes a começar a temporada, duas delas começaram a receber melhorias, as outras quatro ainda não têm previsão de obras.
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A pior situação é a da rodovia SC-486, entre Camboriú e Brusque. A estrada ainda não foi asfaltada e é um pesadelo para moradores e motoristas, que precisam driblar a poeira e a lama constantemente. Prometido há dois anos, o projeto para implantação da pavimentação ficou pronto somente neste ano, mas não há previsão de quando sairá do papel.
Com a mesma denominação, a rodovia Antonio Heil é a campeã de acidentes entre as estradas estaduais da região. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), foram 134 de janeiro a agosto, três a menos que no mesmo período de 2014. A duplicação do trecho, que é a principal via para escoamento de cargas entre Itajaí e Brusque, demorou para começar e só deve ser concluída em 2017.
Outra rodovia que apresenta problemas é a SC-412, conhecida como Jorge Lacerda. Devido ao grande fluxo de caminhões, os congestionamentos são diários. Acidentes e as condições do asfalto, repleto de buracos em alguns trechos, preocupam motoristas. Um projeto de revitalização já foi concluído pelo Deinfra, mas é preciso que o governo estadual autorize a licitação da obra.
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Já a SC-414, entre Navegantes e Luis Alves, parece nem estar recebendo obras de revitalização desde 2014. A buraqueira e falta de manutenção ainda são visíveis. Na SC-414 I (entre a BR-101 e Penha) e na SC-414 II (Transbeto) a situação é parecida e a previsão de obras é desanimadora: a manutenção deve ser feita pela Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), que está aguardando a liberação de recursos do governo. Na Transbeto, outra constatação: grandes quantidades de entulho se acumulam no entorno da rodovia, que tem como principal função dar acesso ao Parque Beto Carrero World.
Foto: Marcos Porto / Agência RBS – Situação da rodovia Transbeto
O superintendente do Deinfra no Vale do Itajaí, Rufinus Seibt, diz que as estradas da região acabam se deteriorando devido ao trânsito pesado diário e as chuvas frequentes. Para ele, nem mesmo as manutenções dão conta de atender os cerca de 150 quilômetros de estradas na região.
– Além disso, os governos estão cortando verbas. A situação do país é complicada e a arrecadação começou a cair. Os investimentos estão sendo priorizados e o Deinfra depende desses recursos também – completa.
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Polícia diz que condições ruins não aumentam acidentes
Apesar de muitos usuários reclamarem que as condições da pista aumentam o número de acidentes, a PMRv garante que a maioria das colisões ocorre por falha humana. Segundo as estatísticas, a falta de atenção e o uso de bebida alcoólica ou de drogas para dirigir foram os principais causadores de acidentes neste ano na região. Nas rodovias administradas pela PMRv na região, foram quase 350 ocorrências e nove mortes de janeiro a agosto de 2015.
A maioria das vitimas é homem com faixa etária entre 18 e 24 anos. Os acidentes também se concentram em perímetros rurais, durante o dia, com sinalização visível e pista seca. O sargento Marcelo Vieira Ramos, da PMRv de Gaspar, afirma que as rodovias mais movimentadas são as que requerem atenção redobrada dos motoristas, como a Antonio Heil, Jorge Lacerda e a SC-108.
– Os dados indicam serem os condutores os maiores responsáveis pelos acidentes. Infelizmente, grande parte da população ainda não se conscientizou para um trânsito seguro – alerta.
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Veja a galeria de fotos dos trechos percorridos pela reportagem: