Até meados de janeiro, a ativista brasileira Ana Paula Maciel, anistiada pelo parlamento russo após um pedido do presidente Vladimir Putin, deve retornar a Porto Alegre.
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A mãe de Ana Paula, Rosângela Maciel, ainda tem a expectativa de que a filha chegue a tempo de passar o Natal com a família, mas sabe que os detalhes da anistia ainda não estão definidos.
E quais são as burocracias que virão a partir de agora? De acordo com o Greenpeace, há um prazo de 10 dias para a informação ser publicada no diário oficial russo. Pode ser uma medida imediata ou se estender até o início de janeiro. Tendo essa publicação, o comitê de investigações notifica os advogados, que providenciarão, junto ao Ministério das Relações Exteriores russo, um chamado “visto de saída”. Só então, Ana Paula e seus 29 colegas soltos sob fiança em São Petersburgo poderão retornar.
O Greenpeace, em levantamento feito para Zero Hora, estima que tenham sido gastos cerca de R$ 13 milhões em toda a operação, o que inclui fianças pagas aos 30 ativistas, deslocamentos, apoios a familiares, manutenção do navio Artic Sunrise. O dinheiro do grupo ambientalista provém das doações de pessoas físicas. Entre eventuais apoiadores do grupo (não necessariamente com dinheiro), estão o ator brasileiro Marcos Palmeira e o beatle Paul McCartney, que, aliás, havia feito um apelo a Putin, pedindo a libertação dos ativistas até o Natal e explicando que o grupo é famoso por ações pacíficas.
– Quem sabe ela vem até o Natal? Só sei te dizer que estou muito aliviada, muito feliz, e esperando o desdobramento da burocracia para ter minha filha comigo de novo – diz Rosângela, que foi informada da anistia por volta das 10h desta quarta-feira.
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A anistia foi concedida em meio aos festejos pelos 20 anos da Constituição russa. Os ativistas passaram três meses. O Artic Sunrise foi retido no dia 19 de setembro por comandos da guarda costeira russa, depois de os ativistas da organização terem tentado escalar uma plataforma da empresa de gás Gazprom, no Mar de Barents (Ártico). Os ativistas protestavam contra a exploração petrolífera na região.
No início de outubro, os 30 membros da tripulação, de 28 nacionalidades, foram acusados formalmente de “pirataria em grupo organizado” e tiveram prisão preventiva decretada. Em 30 de outubro, a Justiça russa reduziu a acusação contra a tripulação, passando de “pirataria” para “vandalismo”. No fim de novembro, os ativistas foram libertados pela Justiça sob pagamento de fiança.
– Estou aliviada, mas não celebrando. Fui acusada e permaneci dois meses presa por um crime que não cometi, o que é um absurdo. Mas finalmente parece que essa saga está chegando ao fim e em breve estaremos com nossas famílias. Ainda penso em meus colegas russos, porque eles ficaram com a ficha suja em seu países por algo que não fizeram. Tudo isso porque eles lutaram pela proteção do Ártico – disse Ana Paula.