A notícia de que ao menos uma pessoa foi reinfectada com o coronavírus em Hong Kong reforça a importância de que as medidas sanitárias para evitar a doença sejam respeitadas, na avaliação do médico Marcelo Otsuka, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Para o especialista, o retorno às aulas presenciais de forma segura precisa de muito planejamento assim como a temporada de verão.
Continua depois da publicidade
– De ontem para hoje, foram publicados mais dois casos de reinfecção, um na Bélgica e outro na Holanda. São cepas diferentes, existem diferenças entre os vírus, entre os coronavírus que provocaram a doença nessas três pessoas, em Hong Kong, Bélgica e Holanda – afirmou Otsuka em entrevista ao Bom Dia SC desta terça-feira (25).
– O fato de ter tido apenas três casos descritos, a princípio, com tantos milhões de indivíduos acometidos até o momento por enquanto é um bom sinal, de que talvez nossa imunidade não seja tão ruim assim para possibilitar novas infecções e novos surtos – declarou.
>Como Florianópolis vai se preparar para o verão com coronavírus
Com a aproximação do verão, a chegada de visitantes a SC, por exemplo, exige um planejamento detalhado das cidades, para o infectologista Marcelo Otsuka. A cooperação da população com o uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social continua imprescindíveis, conforme o especialista.
Continua depois da publicidade
– É fundamental que isso seja bem planejado, investigação detalhada dos visitantes, mas é responsabilidade nossa, não é porque está diminuindo o número de casos, estamos de férias, eu vou viajar, não preciso me cuidar. Os cuidados precisam ser mantidos e, provavelmente, precisarão ser mantidos por muito tempo, até que tenhamos uma solução, seja uma vacina ou um tratamento específico, muito provavelmente a vacina – declarou.
Marcelo Otsuka ponderou também que embora possam haver perdas com a suspensão das aulas, o retorno das atividades presenciais deve ser visto com cautela. Conforme o especialista, estudos comprovam que crianças têm uma alta capacidade de transmissão do vírus. Como muitas convivem com pacientes do grupo de risco, a retomada de atividades exige ampla discussão.
– Há dois pesos na balança, o primeiro é entender o prejuízo que nós temos pras crianças, em relação à parte psicológica, a parte de atividade física e, principalmente, a parte educacional. Tem vários países que demonstraram mais de 50% de perda no aprendizado. Tem que ser muito bem pensado e o ideal é que comece a escola no momento em que a gente estiver com uma baixa taxa de transmissão. Vai ter que ser muito bem planejado, mas precisa ser pensado, porque a crianças estão sendo muito prejudicadas – afirmou.