Edson Farias Alves tem 49 anos é técnico de enfermagem em um hospital em Criciúma e faz parte do grupo de mais de 650 mil catarinenses infectados pelo coronavírus em Santa Catarina desde o início da pandema.
Continua depois da publicidade
> Clique aqui e receba as principais notícias de Santa Catarina no WhatsApp
A seguir, você confere o depoimento de Alves sobre a luta contra o coronavírus:
Senti os primeiros sintomas no finalzinho de abril do ano passado. Tinha muita dor nas costas, achava que era colchão, passava de cama pra cama, de um quarto para o outro, mas nada passava. Assim mesmo continuei trabalhando, pois estava na linha de frente, até que teve uma noite que estava de plantão e não aguentei a dor. Fui para o pronto socorro do hospital onde trabalho em Criciúma e fui encaminhado para a triagem Covid-19.
Continua depois da publicidade
Chegando lá, o médico fez pouco caso, disse que era normal e não era Covid-19. Voltei a trabalhar e a dor aumentou. Meus colegas perceberam que eu não estava bem e fui novamente ao pronto socorro. O médico solicitou tomografia onde foi constatado que já tinha tomado 60% dos meus pulmões. Também foi feito exame na narina, que depois de dois dias foi confirmado que estava reagente para Covid-19.
Fiquei internado por seis dias, entre 6 e 12 de maio. Então, voltei pra casa. Fiquei em tratamento, praticamente em repouso por 70 dias, porque eu fazia os testes para retornar ao trabalho e sempre dava reagente nos meus exames de sangue. Após 70 dias, o médico liberou voltar ao trabalho. Fiz reabilitação no Centro de Recuperação pós-Covid.
Após sair de lá, me senti bem melhor, quase três meses de reabilitação, e continuo fazendo academia. Retornei ao trabalho, mas hoje vivo com medo. A gente vê tanta coisa, gente que acha que “em mim não pega, sou forte”, mas a gente que trabalha em hospital acompanha que a coisa está ficando feia. Hoje estou bem, me sinto melhor, mas a Covid-19 afetou a minha memória, sinto isso, e um pouco de falta de ar. Se tiver que subir uma lomba ou escada sofro um pouco de falta de ar. No mais, tudo bem.
Continua depois da publicidade
Não cheguei a ser entubado, fiquei isolado no setor de enfermaria. A sensação de não poder receber ninguém da tua família, ficar isolado num quarto, não poder ter contato com ninguém, as pessoas com aquelas roupas, sem saber identificar, só aparecendo os olhos, é horrível. Tenho colegas e conhecidos que perdi para a Covid-19, e tem gente que ainda não acredita no vírus, não está levando a sério. O pessoal está com medo, muita gente sem férias, estressados. Está bem difícil, já está faltando funcionários, a pressão é muito grande.
De onde virá a próxima pandemia? Entenda no vídeo
Leia também:
> Covid-19: veja o relato de catarinenses que venceram o vírus
Continua depois da publicidade
> Mapa da ocupação dos leitos Covid mostra o colapso se espalhando por Santa Catarina
> O que é lockdown e como a medida de isolamento serve contra a Covid-19