A água da Beira-Mar Norte, em Florianópolis, voltou a apresentar níveis de coliformes fecais acima do permitido para a balneabilidade, apontou o relatório do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) divulgado nesta semana. Em um mês, é a terceira variação no resultado sobre a poluição do local, que segue impróprio para banho.
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No começo do ano, a pedido da prefeitura, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) instalou um sistema chamado de Unidade de Recuperação Ambiental (URA), com a intenção de despoluir a baía. A expectativa da administração municipal é deixá-la própria para banho neste verão, o que já chegou a acontecer em setembro.
Porém, na última análise do IMA, divulgada na quarta-feira (6), o índice de coliformes fecais – que indicam a propriedade ou impropriedade da água – foi de 3.873 para cada 100 ml. O limite de poluição considerado aceitável é de 800 coliformes/100 ml.
Para o presidente da Associação Catarinense de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais (Acesa), Vinicius Ragghianti, a oscilação dos resultados na água da Beira-Mar Norte pode indicar que o sistema de despoluição está com problemas para tratar a água da chuva.
— Tudo leva a crer que o sistema não está retendo a chuva. A URA deveria captar a água da chuva que chega ao sistema e bombeá-la para o tratamento antes de ir para o mar. Essas bombas não devem estar operando com a capacidade adequada — sugere.
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As variações das últimas semanas
Entre outubro e novembro, os resultados das análises do IMA seguem irregulares, ora apresentando bons indicadores, ora apresentado índices ruins.
– No primeiro relatório do mês de outubro, o resultado ficou dentro dos parâmetros aceitáveis (800 coliformes/100ml em 03/10), mas mudou drasticamente uma semana depois (16.000 coliformes/100ml em 07/10).
– O índice continuou negativo na sequência (9.000 coliformes/100 ml em 16/10), voltando a ficar dentro do permitido nas duas semanas seguintes (130 coliformes/100ml em 23/10 e 500 coliformes/100ml em 29/10).
– Nesta semana, porém, nova mudança no resultado, que outra vez está acima do permitido (3.873 coliformes/100ml).
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Estabilização depende de adequações, diz secretário
O secretário de Infraestrutura da Capital, Valter José Gallina, defende que a Beira-Mar Norte ficará própria para banho ainda neste verão e diz que a estabilidade dos índices de poluição virá com adequações programadas pela Casan.
— Essas ações já foram contratadas e esperamos que fiquem concluídas até o fim do ano. São elas a automação de todo o sistema, para evitar falhas humanas, o aumento da capacidade das bombas nas principais estações elevatórias, e a instalação de bombas reservas — comentou o secretário.
Período é de ajustes na operação, afirma Casan
A assessoria da Casan afirma que a variação nos índices de poluição na Beira-Mar Norte ocorre porque os técnicos seguem estudando o sistema, que continua em período de ajustes.
A companhia, ainda por meio da assessoria, também destaca acreditar que o sistema de despoluição já se mostrou eficaz, pois a área atingiu a sequência de resultados necessária para ser considerada própria para banho, e que o desafio agora é manter a constância de operação.
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A respeito do prazo para a estabilidade, a companhia prefere não divulgar datas para não frustrar as expectativas da população.
Pela regra do Instituto do Meio Ambiente (IMA), um local fica próprio para banho quando um conjunto de amostras coletadas nas cinco semanas anteriores tem 80% ou mais de resultados com, no máximo, 800 Escherichia coli (coliformes fecais) por 100 mililitros de água. Ou seja, numa sequência de cinco análises, quatro precisam estar positivas para que a área seja liberada para os banhistas.
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