O presidente da BRF Brasil Foods (BRF), José Antonio Fay, disse nesta quarta-feira que o conjunto de restrições impostas no acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão terá um impacto de cerca de R$ 3 bilhões no faturamento anual da companhia. A cifra corresponde a 13,1% da receita operacional líquida da companhia no ano de 2010.

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O conjunto dos ativos atingidos pelas medidas corresponde a uma capacidade de processamento industrial de alimentos de 730 mil toneladas, segundo a BRF Foods.

Dos R$ 3 bilhões, R$ 1,726 bilhão corresponde ao faturamento dos ativos que serão vendidos. Já os produtos que terão a venda suspensa (das marcas Perdigão e Batavo) representam um faturamento de R$ 1,241 bilhão.

– Foi bom, um acordo razoável dentro do que a gente se propôs na negociação – afirmou Fay.

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A empresa reforçou que as medidas estabelecidas no termo estão limitadas ao território nacional e que poderá atuar sem restrições no mercado externo e no mercado nacional de lácteos e de food service.

Em relação aos ativos que serão alienados, a BRF informou que se compromete a manter a qualidade dos produtos e o fornecimento aos pontos de venda até que seja feita a transição para os novos proprietários, no prazo estabelecido no termo de compromisso, segundo a empresa, de caráter confidencial.

Ainda de acordo com a companhia, a BRF negociou a inclusão de uma cláusula no termo acordado que estabelece a obrigatoriedade de que o comprador dos ativos que serão vendidos pela companhia mantenha o nível atual de empregos pelo prazo mínimo de seis meses.

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Entenda o negócio

>> A votação

Na sessão desta quarta-feira, 13 de julho, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão entre Sadia e Perdigão por quatro votos a favor e um contra, na sede da autarquia, em Brasília. Segundo o conselheiro Olavo Zago Chinaglia este é “agora o maior caso da história do órgão”. A fusão das empresas Sadia e Perdigão cria uma gigante do setor de alimentos.

>> A empresa

A BRF Brasil Foods, que atualmente é a razão social da Perdigão, foi criada depois da associação entre a Perdigão e a Sadia, anunciada em maio de 2009. No ano passado, a BRF registrou um lucro líquido de R$ 23 bilhões. É uma das maiores exportadoras em nível mundial de aves e conta com 113.000 funcionários no Brasil. Sadia e Perdigão dominam 57% do mercado brasileiro da carne industrializada, 69% dos congelados de carne, 82% das massas prontas e 78% das pizzas congeladas, segundo dados da BRF.

>> As restrições

O Conselho condicionou a operação à suspensão da marca Perdigão por três ou cinco anos, dependendo do setor, exclusivamente no mercado interno, e à proibição de criação de novas marcas por parte da sociedade resultante da fusão. Já a marca Batavo não será mais uma processadora de carnes por quatro anos, mas pode seguir normalmente em produtos lácteos. Pelo acordo, também está previsto que sejam vendidas dez fábricas, quatro matadouros, doze granjas, quatro fábricas de ração e oito centros de distribuição.

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