Os restos mortais do ex-presidente João Goulart, o Jango, serão recebidos em Brasília com honras de chefe de Estado, após a exumação prevista para ocorrer até o fim do ano. O compromisso foi sinalizado nesta segunda-feira pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, durante reunião na sede do diretório estadual do PDT, em Porto Alegre. O gesto foi saudado por familiares e lideranças do partido.
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A data da exumação – que busca desvendar o mistério em torno da morte do presidente deposto após o golpe militar – deve ser definida em encontro dos peritos brasileiros, cubanos, uruguaios e argentinos que irão atuar no caso, dia 17, na capital federal, com a presença de familiares e de representantes da Cruz Vermelha.
– Trata-se de uma busca pela verdade sobre a morte de Jango, mas, também, de um resgate da sua memória política – avaliou o presidente do PDT do Rio Grande do Sul, Romildo Bolzan Jr.
Conforme ele, as honrarias (como traslado em um avião oficial) são tão importantes quanto a investigação, pois denotam “reconhecimento que Jango não teve em vida”.
Neto do ex-presidente, o vereador Christopher Goulart (PDT) elogiou a sensibilidade política da ministra. Ele afirmou que a recepção dos restos mortais com honras em Brasília, onde serão realizados exames de DNA, antropológico e toxicológico, será “algo muito simbólico”.
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Christopher aproveitou a reunião na sede do partido, que contou com a presença de cerca de 20 pessoas, para ratificar o compromisso da família com retorno dos restos a São Borja. No mês passado, durante os preparativos para exumação do corpo, a possibilidade de um “novo exílio” gerou polêmica na cidade.
A morte do líder trabalhista, que presidiu o país de 1961 a 1964, completará 37 anos em dezembro. Segundo a versão oficial, Jango foi vítima de um ataque cardíaco, mas há suspeitas de que ele tenha sido envenenado a mando do governo brasileiro por militares uruguaios durante a Operação Condor, uma aliança entre as ditaduras militares da América do Sul nos anos 1970.
A assessoria da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou que os detalhes da cerimônia, incluindo a possibilidade de decreto de luto oficial, ainda serão estudados.