Conhecido na região da Grande Florianópolis pelas múltiplas personalidades que cultiva há anos, Carlos Alberto da Silva – o Paru – recebe os clientes do restaurante Toca do Paru com a fantasia na qual ele se sente mais tranquilo: de chinelo de dedos e camisa, sotaque mané carregado e um peixe assado a caminho. O estabelecimento que carrega o título informal de “restaurante mais estreito do mundo” se prepara para receber neste sábado, dia 7, a 1ª Tarrafada do Paru, que deve levar 200 pessoas ao canto da Praia das Palmeiras, no bairro Itaguaçu, na Capital.
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Considerado o maior assador de peixes da região, Paru carrega uma invejável lista de títulos formais e informais que o ajudaram a construir a imagem de um homem que nunca para quieto. Além de ser conhecido como a “noiva mais bonita da Praça XV” graças às fantasias que veste no carnaval há 35 anos, já foi o campeão sul-americano de levantamento de peso – quando sustentava o status de maior braço do Estado -, é corneteiro oficial do Figueirense e conhece profundamente das obras de Franklin Cascaes, com quem teve aulas de desenho quando criança.
Por anos, todos que visitassem o restaurante pela primeira vez teriam suas fotos penduradas nas paredes, e o hábito só se encerrou quando acabou também o espaço disponível para novas fotografias. O resultado: uma sala comprida e abarrotada por mais de 5 mil fotos, incluindo Paru na praia pescando, fotos antigas da região e registros de visitas ilustres como Bezerra da Silva, Chorão e Dona Ivone Lara.
É impossível saber se o título de restaurante mais estreito do mundo é verdadeiro, como propagandeia o dono, mas rápidos olhares pela sala de 1,90 metro de largura já demonstram o clima intimista que o espaço cria. Paru herdou o barracão na Praia das Palmeiras construído pelo avô, que era pescador. A casinha de madeira foi usada durante décadas para guardar canoas, mas o dono atual a transformou num restaurante e hoje o local é uma parada obrigatória para os fãs da culinária mané.
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Receita do famoso peixe assado não é revelada a ninguém
O cardápio se baseia em pratos típicos (casquinha de siri, camarão, ostras, berbigão) e é preparado por parentes e conhecidos, mas Paru faz jus à sua fama e se responsabiliza por um dos principais: peixe assado na brasa com molho de alcaparras. Quando a reportagem o convidou para gravar um vídeo mostrando como prepara seu prato mais famoso, Paru foi rápido na resposta:
– A receita eu não posso dar para vocês, até porque não dou ela pra ninguém. O que posso dizer é que eu limpo eles, deixo um dia no sol e asso no fogo baixo. E deve estar agradando, porque já assei peixe pra Festa do Divino, Feijoada do Cacau e Fenaostra. Uma vez eu assei mais de 1,4 tonelada na Peixada do Gui, tudo praticamente sozinho.
O assador não se preocupa com a fama de radical que vem adquirindo e afirma que escolhe a clientela “a dedo”, mas não pelo seu status ou poder econômico, como é tão comum em estabelecimentos que caem nas graças dos ricos e famosos. Pelo contrário: quando o convidaram para ser um sócio de um restaurante novo, mais moderno, rejeitou dizendo que nunca conseguiria trabalhar num lugar que tivesse “copos de cristal e porcelana cara”.
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– Só pode ser desse jeito, com comida caseira e panela de barro. A clientela se mantém parecida desde o início porque nunca deixamos mudar o perfil do restaurante, todo mundo é tratado igual e nunca virou bar pra tomar cachaça. O problema não é quem vem aqui para beber, mas sim quem não sabe beber direito e começa a arrumar briga ou quebrar o lugar. Às vezes me chamam de radical, mas eu não quero nem saber: se estiver incomodando os outros clientes, aviso só uma vez. Na segunda, fecho a conta do chato e mando ele embora – explica o proprietário do restaurante.
1ª Tarrafada do Paru
Quanto: homem R$ 80 e mulher R$ 50
Para comer: peixe assado na brasa, peixe seco no sol desfiado e ensopado com batata, berbigão ensopado e pirão
Para beber: água, refrigerante, cerveja e caipira de cachaça artesanal
Quando: sábado, dia 7, das 11h30min às 18h
Quem toca: Quinteto SambAi e sertanejo universitário
Quem quiser pode levar 1kg de alimento não perecível, que será entregue na associação de idosos de Campinas, em São José
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