Alunas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) reclamam de terem sido barradas no Restaurante Universitário (RU) no campus da Trindade, em Florianópolis, entre esta segunda (15) e terça-feira (16) por usarem blusas aparecendo a barriga (os populares cropped).

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Na segunda-feira (15), Fernanda* foi jantar logo depois de ir à academia. Usava um top e um shorts de cós alto. Segundo a estudante de jornalismo, apenas cerca de dois dedos da barriga dela estavam à mostra, mas ela teria sido barrada logo na entrada do restaurante.

A única coisa que ela tinha na bolsa para se cobrir era um casaco grosso. Mesmo com o calor de mais de 30°C, teve que colocar a peça para poder entrar no restaurante.

— Foi surpresa total, eles não anunciaram, não avisaram nada — diz a universitária.

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O mesmo ocorreu com Victoria Prado, também estudante do curso de jornalismo. Ela usava uma blusa um pouco acima do umbigo quando foi impedida de almoçar, nesta terça-feira (16).

— Disseram que eu não podia entrar assim [de cropped] e eu fiquei indignada, perguntei o motivo e só responderam que era uma “nova regra”, e que se por acaso eu não tinha alguma outra blusa ou casaco comigo, e eu não tinha — narra.

No caso de Victoria, ela reclamou na secretaria do RU, já que não tinha outra blusa nem outro lugar para almoçar. O caso dela passou como uma “exceção”. A equipe da secretaria do RU disse a ela que a decisão foi tomada depois que algumas alunas foram almoçar e jantar vestindo apenas roupa de banho.

— Semana passada almocei e jantei no RU, inclusive com uma blusa bem mais curta. Às vezes, quando saía da academia, jantava no restaurante com top de academia e nunca ninguém tinha falado nada — afirma a universitária.

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— Foi surpresa total. No grupo do meu curso tinham comentado sobre não estarem deixando entrar com top de academia no RU, mas eu não esperava que não podia entrar sequer com blusa tomara que caia — conclui.

DCE repudia decisão

Em nota publicada no Instagram, o Diretório Central dos Estudantes (DCE Luís Travassos) repudiou a medida, que considerou “absurda” por “submeter estudantes a este constrangimento”.

“Não dá pra aguentar tanto calor no RU! Tá quase uma sauna pra quem trabalha ou se alimenta lá, e tem gente passando mal direto! Estamos tratando da principal política de permanência da universidade e do posto de trabalho de dezenas de pessoas. Precisamos com urgência de melhor ventilação e condição de alimentação (e ainda mais de serviço!) dentro do restaurante! E pra agora, o mínimo é derrubar essa restrição contra roupas mais frescas!”, diz a nota.

O que diz a UFSC

Em nota, a UFSC informou que não corrobora com qualquer tipo de restrição de vestimenta no Restaurante Universitário, exceto aquelas descritas nas normas vigentes: “não adentrar nos ambientes sem camisa, em trajes de banho ou descalço”. Segundo a universidade, isto já foi reforçado com servidores e equipe tercerizada.

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Veja a nota na íntegra:

“A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) esclarece que não corrobora com nenhum tipo de restrição de vestimenta no Restaurante Universitário (RU), exceto o que está descrito nas normas vigentes de acesso aos Restaurantes Universitários da UFSC (https://ru.ufsc.br/files/2022/09/Portaria_07_Acesso_aos_Restaurantes_Universitarios_RUs-2.pdf). Entre os deveres dos usuários está previsto o de “não adentrar nos ambientes sem camisa, em trajes de banho ou descalço”, sendo este o único código de vestimenta para acesso ao RU. Essa orientação já foi reforçada aos servidores e equipe terceirizada. O Restaurante Universitário constitui-se como espaço de promoção de saúde e partilha da comunidade universitária, bem como cumpre papel essencial na Política de Assistência Estudantil. O RU tem o seu funcionamento para além do período letivo, servindo almoço e jantar também no período de férias. Cerca de 3.300 estudantes são isentos do pagamento das refeições, e os demais pagam o valor de R$ 1,50”.

* A estudante não quis divulgar seu nome completo.

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