Do alto do andaime, o encarregado de obras Luciano Cavalcante aponta os detalhes de mais uma etapa concluída na restauração da igreja matriz de São José. O galo no topo do edifício foi retirado, retocado e colocado no mesmo lugar. A fachada frontal, uma das partes mais delicadas do prédio, também foi reformada e pintada na cor original. Com previsão de entrega para abril do ano que vem, um dos pontos históricos mais importantes da cidade começa a recuperar os ares de patrimônio arquitetônico e cultural.

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A reforma teve início em 2009 e entra agora na terceira e última etapa. Na primeira, foram feitos os trabalhos na cobertura. Na segunda, as portas, janelas e a elaboração de projetos diversos. Agora as obras estão na reta final e a equipe trabalha para concluir serviços como a troca dos assoalhos, instalar para-raios, fazer as instalações elétricas e restaurar pinturas nas paredes e altares.

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O edifício foi erguido por volta de 1765, mas o desgaste causado por dois séculos e meio de pequenas reformas alterou bastante o visual interno. Embaixo de cada um dos sete altares, por exemplo, foram descobertas várias camadas de tinta sobrepostas. Em três delas, o azul-claro datado de 1969 já foi cuidadosamente raspado para dar lugar ao cinza feito em 1943.

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O restauro tem custo aproximado de R$ 7 milhões e está sendo financiado pelo governo do Estado, com recursos do fundo social. A operação é tocada por duas equipes: uma que se concentra na parte da construção civil (pedreiros, carpinteiros) e outra voltada à parte artística. A engenheira civil Ivana Moser, funcionária da empresa Concremat e responsável por coordenar as obras, explica que o trabalho é tão detalhista que até a demolição de uma área anexa construída na década de 1930 foi ponderada:

– O espaço já foi usado como supermercado, almoxarifado da prefeitura e sala de catequese da igreja. Como ele foge do projeto original, foram promovidas reuniões com a comunidade para decidir o destino do anexo. Entretanto, várias pessoas têm lembranças fortes do lugar e acabou se decidindo pela permanência dele.

Sob camadas de tintas

Padrões e pinturas sacras diversas também estão escondidas pelas paredes da igreja. Por todo o prédio, várias imagens foram tampadas ao longo de consecutivas alterações e foi preciso um amplo trabalho de investigação antes mesmo de se começar a mexer nelas. Pouco a pouco antigas pinturas são reveladas pela equipe de restauração.

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Reforma da fachada e pintura externa estão praticamente concluídas. Foto: Guto Kuerten/Agência RBS

Em frente ao único altar totalmente restaurado, Ivana enumera as mudanças feitas desde julho deste ano. As pequenas rachaduras na madeira foram preenchidas com massa e pintadas numa cor próxima à original, e mesmo as imagens sacras devem sofrer uma intervenção mínima.

– A gente não resgata necessariamente a pintura mais antiga, mas a mais preservada. O sul do Brasil é bem conservacionista nesse ponto: não se intervém em detalhes artísticos originais, apenas se complementam os detalhes que foram danificados pelo tempo – explica Ivana Moser.

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