A guerra de ações no Supremo Tribunal Federal sobre o resultado do impeachment faz parte do show. Depois de meses de longos debates, o processo terminou no Senado, um novo presidente tomou posse e o país precisa andar. Mas ninguém quer abrir mão de espernear. Longe dos holofotes, no entanto, os dois lados reconhecem dificuldade em ter sucesso junto aos ministros. Todo o rito do impeachment foi determinado anteriormente, com o aval da Suprema Corte. Mas o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo já havia avisado que recorreria às últimas instâncias. Exerce o direito que tem.
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A surpresa, é claro, ficou por conta do fatiamento da pergunta sobre o afastamento de Dilma, uma manobra capitaneada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Também não é surpresa que a manutenção da elegibilidade de Dilma tenha parado nos tribunais. Como já virou praxe, o próprio ministro Gilmar Mendes colocou fogo no debate, chamando de ¿extravagante¿ a decisão do Senado que permitiu à ex-presidente exercer funções públicas, apesar da condenação no impeachment. Um bom tema para ele discutir com o seu colega de toga Ricardo Lewandowski, que presidiu todo o processo do impeachment e permitiu a votação em separado. Estranho, é. Sem falar que anima a turma de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a tentar o mesmo. Mas todo esse processo precisa ter um basta. O país precisa andar.
Uma das promessas do presidente Michel Temer é de pacificar o país. Por mais difícil que isso possa parecer, é preciso pelo menos virar a página do impeachment. O PT já prepara as armas para assumir o papel de oposição, enquanto Temer tem uma pesada agenda econômica para tirar do papel. O próximo capítulo precisa se concentrar nas votações do Congresso, que serão muito difíceis. E ainda tem a Lava-Jato, que não completou o quebra-cabeça da corrupção. Não é porque saiu o PT e entrou o PMDB no comando do Palácio do Planalto, que as investigações devam esfriar. Pelo contrário.
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Interino
Enquanto Temer está na China, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assume a presidência da República em total sintonia com o governo. Durante essa semana, quando as atenções estavam no Senado, levou as sessões até de madrugada, na tentativa de limpar a pauta. A renegociação das dívidas dos Estados com a União foi votada, assim como o Programa de Parcerias de Investimentos. A oposição reclama que Maia atropela.
Chantagem
Aliados de Eduardo Cunha tentam esvaziar a sessão do dia 12 na base da chantagem. Emissários disseram ao governo o seguinte: se não houver quórum no dia de votar a cassação de Cunha, eles garantem presença na sessão da mudança das regras do pré-sal. O dia 12, uma segunda-feira, foi escolhido com antecedência pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. Quem não aparecer é porque deve alguma coisa a Cunha.
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