É quarta-feira quando escrevo esta crônica. Entre a montagem do estande da editora e o início das atividades da Feira do Livro de Joinville. Tiro alguns minutos e sento-me à mesa de um café. Respiro fundo por saber que, nos próximos dez dias, estarei envolvido desde o primeiro raio de Sol até quando a Lua estiver alta no céu, mas também por saber que mergulharei sem amarras ao deleite da literatura e da conversa com quem produz e com quem consome livros.
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Os paletes e algumas caixas chegaram pela manhã, outros materiais e os quadros da Tatiana Araújo chegarão no final da tarde. Antes disso, sou convocado a conceder uma entrevista a uma rádio da cidade. Depois, volto ao pavilhão para arregaçar as mangas. Na manhã de quinta, mal as portas da feira sejam abertas, estarei sobre o palco do Teatro Juarez Machado para um momento de encontro com crianças e jovens cuja tônica será a liberdade criativa e as histórias que a mente permite. À noite, a abertura oficial, da qual, confesso, não me animo a participar. É exatamente aquele momento em que as autoridades tomam para si os méritos de outros para fazer palanque. Acho um saco, e não guardo segredo sobre isso. Porém, é protocolo que se tem que seguir, pelo bem da sobrevivência em uma sociedade injusta e maquiada. Ao dizer isso, devo estar assinando minha sentença de morte, mas dizem por aí que ando imortal por fazer parte da Academia Joinvilense de Letras, então…
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Em meio ao cafezinho sem açúcar (ainda me acostumo), recebo a notícia de que terá início na segunda-feira a greve dos servidores públicos municipais. Um verdadeiro golpe na expectativa dos realizadores da Feira do Livro. Escolas já começaram a cancelar a ida ao evento. O burburinho das mentes inquietas será menor, haverá menos olhares brilhantes buscando nas capas dos livros a viagem perfeita, a experiência inesquecível, o conto arrebatador. Não culpem professores e servidores. Eles estão exercendo seu direito à dignidade e têm meu apoio, ainda que o ônus seja imenso desta vez, viu, autoridades?
Terminei o café e as elucubrações sobre nossa sociedade débil e esperançosa. Nos vemos nos corredores da feira? Nos arredores das histórias encantadas? No sonho que nos alimenta? Espero que sim.
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