O resgate seguido da fuga do traficante Jonas Silva Correa, o “Gordão”, na noite de sábado em uma unidade de saúde de Biguaçu, aconteceu cinco dias depois de ele ser condenado a 39 anos de prisão. A escapada levantou dúvidas sobre a segurança feita pelo Estado com uma escolta de apenas dois agentes ao preso, considerado um dos líderes de uma organização criminosa interestadual.
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Uma outra indagação entre policiais é como o Estado mantinha um preso desse porte no presídio de Biguaçu, um prédio improvisado no centro da cidade, sem segurança máxima e palco de fugas.
As informações divulgadas são de que Jonas foi levado na noite de sábado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Biguaçu por dois agentes do Departamento de Administração Prisional (Deap) após sentir dores. O resgate aconteceu quando eles deixavam o posto médico e quatro homens se aproximaram em um carro portando fuzis. Há relatos de que os agentes foram rendidos e agredidos.
— É estranha uma fuga assim nesta situação inusitada como foi — disse nesta segunda-feira o delegado Gustavo Trevisan, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal em Florianópolis.
O traficante havia sido preso em julho de 2015 com mais seis pessoas na Operação Trinca de Ases após cinco meses de investigação. Os alvos da PF foram apontados na época como patrões do tráfico interestadual de cocaína em larga escala.
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O bando se passava por empresários da construção civil para lavar dinheiro do tráfico de drogas, segundo a investigação. Caminhonetes importadas, jet-skis, motos e imóveis, entre eles um edifício em construção nos Ingleses, em Florianópolis, figuravam na lista de bens sequestrados.
Jonas tinha como base Balneário Camboriú, no litoral norte, e é irmão de Romildo Correa, o “Mido”, também considerado líder da quadrilha, conforme a PF. Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. O bando teria contatos com o barão da droga na América Latina, Jarvis Chimenes Pavão, preso no Paraguai e que tem sentença condenatória em Santa Catarina.
“Poderio econômico para orquestrar fuga assim”, diz delegado
— Esse resgate demonstra que ele ainda tem poderio econômico para orquestrar uma fuga assim, tem capital para armar e mobilizar criminosos, algo de quem tem importância no tráfico — ressaltou o delegado da PF, Gustavo Trevisan.
Segundo ele, ainda há integrantes foragidos, entre eles Wesley de Matos, condenado a 15 anos de prisão no mesmo processo.
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A PF disse que voltará a investigar Jonas caso apareçam indícios de novo envolvimento no tráfico de drogas e que a recaptura do fugitivo cabe à Polícia Civil.
A reportagem fez pedido de entrevista à Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC), que divulgou em seguida uma nota oficial informando que a corregedoria foi acionada e abriu um procedimento interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.
O que disse a Secretaria da Justiça e Cidadania:
“A Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (SJC) informa que quatro homens renderam dois agentes do Departamento de Administração Prisional na noite de sábado, 15, e resgataram o detento Jonas Silva Correa, 35 anos, que estava preso por tráfico de drogas. A ação ocorreu após o preso receber assistência médica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Biguaçu, na Grande Florianópolis. Todas as medidas legais e periciais já foram tomadas, a Corregedoria Geral da SJC foi acionada imediatamente e foi aberto um procedimento interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.”