Um grande conjunto de matas nativas, nascentes de rios e espécies raras ameaçadas de extinção que têm ali um refúgio seguro, tranquilo e com tudo o que precisam para viver bem e reproduzir.
Continua depois da publicidade
O complexo da Serra da Farofa, entranhado na Serra Catarinense, é uma das maiores regiões ainda intactas do Sul do Brasil. Sua importância para o meio ambiente exige a necessidade de preservá-lo, e qualquer iniciativa neste sentido é sempre muito bem-vinda.
Uma das principais potências industriais de Santa Catarina, com cinco unidades nas cidades de Lages, Correia Pinto, Otacílio Costa e Itajaí, a Klabin, maior produtora e exportadora de papel do Brasil, acaba de criar a sua primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural Estadual (RPPNE) no Estado, a segunda da companhia no país. A primeira foi fundada em 1998 dentro da Fazenda Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR), com quatro mil hectares.
A reserva natural catarinense foi implantada no complexo da Serra da Farofa, em uma área de cinco mil hectares que abrange os municípios de Bocaina do Sul, Painel, Rio Rufino, Urubici e Urupema, por ser abrigo de pelo menos 600 espécies da flora e 75 da fauna, muitas delas em risco de extinção, como o papagaio-charão, o tamanduá-mirim, a jaguatirica e o leão-baio.
Nascentes de importantes rios como o Canoas, que forma a maior bacia hidrográfica de Santa Catarina; e Caveiras, responsável por fornecer água aos 160 mil lageanos, estão nessa área.
Continua depois da publicidade
Nascente do Rio Canoas está na área. Foto: Zig Koch, Klabin, Divulgação
A região foi dividida em seis grandes blocos a fim de criar corredores ecológicos nos quais as espécies poderão se desenvolver da forma mais natural possível. A proposta foi também ampliar a área preservada até se encontrar com outras unidades de conservação no Estado, como o Parque Nacional de São Joaquim e o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.
Sem moradores, reflorestamentos de pinus e eucalipto, lavouras e criação de gado, a reserva natural da Serra da Farofa servirá de cenário para projetos de educação ambiental como o Programa Caiubi e os Protetores Ambientais Mirins, mantidos pela própria Klabin, e pesquisas científicas como as já realizadas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
– O ganho é muito mais amplo do que parece justamente pelo desenvolvimento de estudos. Outras universidades já estão interessadas, e as crianças serão as multiplicadoras da educação ambiental -, diz o gerente de operações florestais da Klabin, José Valmir Calori.
Para coibir invasões e atividades ilegais como caça e pesca predatórias, a reserva natural receberá uma estrutura de segurança e receptivo para visitações guiadas, porém, somente para fins de estudos. O turismo, apesar de ser impulsionado, será proibido dentro da reserva.
Continua depois da publicidade
– Pela altitude e temperatura, nessa região temos espécies endêmicas e até mata nebular, que fica já nas nuvens. Isso é tudo muito especial e precisa ser preservado -, conclui José Calori.