Ao detalhar em que patamar se encontram os alunos do ensino fundamental público, e não apenas as notas obtidas na Prova Brasil 2013, o Ministério da Educação expôs o preocupante grau de dificuldades que crianças e jovens tenderão a enfrentar na vida adulta, no plano pessoal e profissional. A avaliação revela que um em cada quatro estudantes do quinto e do nono anos se encontra no nível mais baixo na avaliação nacional de português. Um mau desempenho nessa área influi em todas as demais – incluindo matemática, também avaliada pelo exame, que depende da compreensão dos enunciados. Em consequência, limita as chances de que esses jovens, ao deixarem a escola, possam almejar cargos para os quais as exigências não se limitam a capacitação física, mas privilegiam aptidões intelectuais.

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No Brasil e em qualquer país com pretensões de competir no mercado global, jovens profissionais são estimulados hoje a dominar o máximo possível de linguagens para se integrarem a um mundo cada vez mais exigente. Mas o que se vê hoje, no país, é que um quarto das crianças por volta de 10 anos de idade, no quinto ano, se mostra incapaz de realizar competências simples, como apontar o personagem central de uma fábula. No nono ano, 25% dos estudantes, mesmo já por volta dos 14 anos, não conseguem localizar informações que aparecem claramente em textos literários.

A mesma Prova Brasil, aplicada a cada dois anos, mostra que 40% dos estudantes brasileiros saem da escola sem saber interpretar um texto. E 37% são incapazes de entender uma questão simples de porcentagem.

Como imaginar que, mesmo quem consegue concluir o ensino médio, se mostre sem condições de entender um simples manual, associado a qualquer atividade profissional mais elaborada? É inadmissível que, por deficiências nas políticas de ensino no país, crianças e jovens estejam condenados à exclusão no mundo do conhecimento.

A tabulação das notas nas escolas estaduais e municipais – responsáveis por 85% das matrículas no país – demonstra que a educação brasileira continua precisando de respostas mais eficientes.

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O país precisa fornecê-las logo, começando por definir, com a clareza e o detalhamento necessários, questões essenciais como o que o aluno deve aprender efetivamente em cada série.