Registros históricos das correspondências entre Fritz Müller, o cientista alemão que veio morar no final do século 19 em Blumenau, e pesquisadores de todo mundo, dentre eles Charles Darwin (1809 – 1882), estão em exposição até 23 de julho no Beiramar Shopping, em Florianópolis. A mostra traz conteúdo relevante levantado pela historiadora Ana Maria Ludwig Moraes sobre a teoria da evolução das espécies e sobre o tempo em que o célebre pesquisador radicado em SC vivia em Florianópolis, então chamada de Desterro.

Continua depois da publicidade

Numa das cartas que trocou com Darwin, em 1865, Müller falou da beleza da Ilha de Santa Catarina e, já naquele tempo, lamentou o desaparecimento das matas virgens da cidade. Reproduções de trechos dessas cartas, bem como de correspondências com outros cientistas, estão expostas em 10 painéis — visualmente não tão atraentes, mas com conteúdo de valor histórico.

A exposição é alusiva aos 120 anos de morte de Müller, completados em 2017, e também integra um circuito de comemorações até 2020, quando se celebram os 200 anos de nascimento do cientista.

Com referências do livro Dear Mr Darwin, de Cezar Zillig, a autora conta brevemente a história do alemão. Ele chegou ao Brasil em 1852, aos 30 anos, acompanhado da mulher e da filha. Era um ativista político na Alemanha e veio a convite do Dr. Blumenau, de quem era amigo. Por 11 anos morou em Desterro, entre 1856 a 1867, onde atuou como professor. Foi nesse período que conheceu a teoria do naturalista inglês.

Continua depois da publicidade

Pesquisador da fauna e flora marinhas, achou que os crustáceos poderiam fornecer a comprovação daquilo que ainda era somente teoria. E assim, catando e selecionando pequenas criaturas na Praia de Fora (hoje Avenida Beira-mar Norte), ele conseguiu comprovar o que Darwin apenas tinha como teoria. Por esse trabalho, Müller ganhou notoriedade e foi mencionado 17 vezes por Darwin na reedição de A Origem das Espécies — a primeira edição é de 1859.

— À época que Darwin publicou A Origem das Espécies, ainda existia forte influência da igreja e resistência à teoria. No momento em que Müller comprova, ele dá consistência ao trabalho do naturalista inglês — afirma Ana Maria Ludwig Moraes.

Os dois pesquisadores nunca se viram pessoalmente, mas a amizade surgiu a partir da leitura que Darwin fez da obra de Müller intitulada Para Darwin, em 1865. A troca de cartas entre os dois durou até 1882, quando Darwin morreu. Müller também ganhou projeção como pesquisador e se se correspondeu com muitos cientistas de renome.

Continua depois da publicidade

AGENDE-SE

O quê: exposição Fritz Müller e Desterro: fundamentais para a Teoria de Darwin

Quando: até 23/7, segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingos, das 11h às 22h

Local: Piso L2 do Beiramar Shopping (Rua Bocaiúva, 2.468, Centro, Florianópolis)

Quanto: gratuito