Quem diz que Papai Noel não existe é porque ainda não conhece João Prim, 58 anos. Há oito anos, o homem de cabelos e barba branca naturais e calmos olhos azuis enfrenta uma verdadeira maratona na época de Natal.

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Desde o começo do mês, o “bom velhinho jaraguaense” já fez a alegria das crianças em 54 lugares diferentes, dentro e fora da região. Para dar conta da agenda lotada, chegou a visitar oito locais no mesmo dia.

GALERIA DE FOTOS: mais fotos do bom velhinho.

E não é só “ao vivo” que ele faz sucesso. Com mais de 2 mil amigos no facebook e mil seguidores no twitter, Prim não abre mão da tecnologia virtual para conversar com conhecidos e a família.

Na época do Natal, ele costuma deixar um pouco de lado a atividade de representante comercial para se dedicar ao trabalho voluntário.

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– A história do verdadeiro Papai Noel é a de São Nicolau, um bispo católico que ajudava os pobres. Mas o Papai Noel vendido hoje pelo comércio é um mero entregador de presentes. Junto das crianças eu tento resgatar o verdadeiro dono do Natal, que é Jesus. Não adianta nada receber presente se você não tiver paz espiritual – opina.

A vida de Papai Noel começou há oito anos, quando Prim participou de um evento social em Águas Mornas, na Grande Florianópolis, sua cidade natal. O amor pelas crianças e a aparência semelhante à do bom velhinho fez tanto sucesso que, no ano seguinte, foi convidado para a festa de Natal da Escola Antônio Estanislau Ayroso, em Jaraguá do Sul, onde a mulher, Solange Coimbra Prim, trabalhava como diretora.

Um ano depois, Prim convidou a amiga Irma Dalmonico, 62 anos, para ser a Mamãe Noel, que desde então passou a acompanhá-los nos eventos. Já a barba comprida tem uma história mais antiga: ela começou a crescer aos 23 anos e, aos 30, passou a ficar branca.

– Lavo com xampu e aparo uma vez por mês. Mantenho mais curta até julho e depois deixo crescer até passar o Natal – afirma.

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João também redobra o cuidado com a saúde na época das festas, bebendo muita água para aguentar o calor do verão dentro da tradicional roupa vermelha, que nunca foi substituída por um uniforme mais “tropical”.

– Sempre termino o ano mais magro. Chego a perder até cinco quilos em dezembro – comenta.

Prim cumpriu compromissos agendados com escolas e creches da região até quarta-feira. Mas, como ninguém é de ferro, até o bom velhinho precisa de uma folga: agora, ele vai entregar só os presentes da família vai passar o Natal na companhia da mulher, dos filhos Giane, 31 anos e Diogo, 28 anos, e do neto Thiago, de um ano. ??

Cartinhas com pedidos inusitados ?

Nos oito anos que encarna o bom velhinho, João Prim passou por algumas situações inusitadas. Há alguns anos, um aluno de uma escola de Jaraguá escreveu uma cartinha exigindo que o Papai Noel trouxesse um computador ou não acreditaria mais nele.

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– Procurei o pai do menino para dizer que o Papai Noel não tinha condições de comprar um computador, pois era muito caro. O pai nem sabia da cartinha do filho – diverte-se.

Há três anos, uma outra carta registrava um desejo que não podia ser atendido com dinheiro.

– A criança pedia que na casa dela não houvesse mais briga e drogas. Fiquei emocionado por esse ser o único presente que ela queria – afirma.

Prim conta que muitas crianças costumam puxar a barba dele para ver se ela é verdadeira.

– Uma vez um menino disse que não acreditava em Papai Noel até puxar minha barba e ver que ela é verdadeira – relembra.

Em 2010, a família de Prim levou um susto quando ele apareceu de barba raspada, o que não fazia há 20 anos.

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– Eles não me reconheceram. Quando minha filha era pequena, ela me viu sem barba e falou assustada que eu não era o pai dela – ri.

A diarista Neusa Raboch, 56 anos, trabalha na casa do Papai Noel há sete anos e afirma que, a cada Natal, também se sente um pouco criança.

– Espero que ele viva muitos e muitos anos para continuar alegrando a garotada – diz.