A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu hoje aos países-membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) que cobrem da China o aumento da liberdade de expressão como exigência para organizar os Jogos Olímpicos de 2008.

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Segundo a RSF, em três anos, começarão os Jogos Olímpicos de Pequim e milhares de jornalistas de todo o mundo estarão na cidade para cobri-los. Contudo, a “festa do esporte será ofuscada pela falta de liberdade de imprensa na China e pela feroz repressão às vozes dissidentes”, alertou a organização.

Dez membros da organização entregaram hoje em Lausanne, na Suíça, uma carta ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogue, com a assinatura de mais de quatro mil pessoas que reivindicam o reforço da pressão sobre as autoridades de Pequim.

– O COI tem a responsabilidade de influir na política que o governo da China aplica sobre os jornalistas de seu país, assim como sobre os estrangeiros -afirmou o secretário-geral da Repórteres sem Fronteiras, Robert Ménard.

A organização informou que a entidade esportiva ainda não se pronunciou sobre o problema que pode impor a falta de transparência informativa e de liberdade de expressão ao informar sobre o andamento dos Jogos Olímpicos. A RSF informa ainda que um alto dirigente do COI defendeu recentemente as fortes restrições midiáticas impostas pela China, em respeito ao suposto direito de cada país de manter uma política de comunicação específica.

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Em carta intitulada “China: medalha de ouro nas violações dos direitos do homem”, os Repórteres Sem Fronteiras entendem que a concessão da organização dos Jogos Olímpicos na China é qualificada de “inaceitável” e “perigosa”. A organização cita as restrições à liberdade de deslocamento dos jornalistas estrangeiros no país e questiona se os profissionais contarão com garantias suficientes para fazer seu trabalho de forma conveniente.

Há apenas um mês, mais de dois mil jornalistas pediram a libertação de Yu Huafeng e Li Minying, repórteres do jornal cantonês Nafang Dushi Bao, presos por suposta corrupção. Em julho, foi libertado o jornalista Wu Shishen, preso em 1993 por publicar sem autorização um discurso do ex-presidente Jiang Zemin. O repórter não recuperará seus direitos civis nem poderá voltar a trabalhar para qualquer meio de comunicação.

Os últimos relatórios da RSF e do Comitê para a Proteção dos Jornalistas definem a China como um dos maiores repressores da liberdade de expressão no mundo.

As informações são da Agência EFE.