Sou vascaíno e vivo em Joinville desde que nasci. Sempre usei a camisa do meu time e andei livremente por onde quis. No domingo, isso não era possível. Como uma precaução, fui com uma camiseta normal e levei em uma mochila o uniforme do meu time do coração.
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Mas antes de chegar ao estádio, alguns torcedores do Atlético Paranaense queriam revistar a bolsa. A intenção era que ninguém entrasse com o uniforme adversário. Fui “salvo” pela chegada de torcedores vascaínos, que sem perguntar ou avisar começaram uma briga com os atleticanos no Parque da Cidade. Ignorei: isso sempre acontece.
Cheguei às arquibancadas. Ao meu lado, um pai com duas crianças de menos de cinco anos de idade. Me senti mais tranquilo. Se tem criança, não tem briga. Pensei como deve ser legal ver o time do coração pela primeira vez.
Pensava quando pedaços de madeira voavam em minha direção e um arrastão de torcedores do Atlético vinha em nossa direção para brigar. Ia correr, mas olhei para o lado e vi o pai com dificuldade para carregar duas filhas pequenas.
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Peguei uma no colo e corri. Não tive como passar nas grades. Fiquei espremido entre o metal, os seguranças que não queriam deixar os torcedores irem para uma parte mais segura e pelas bombas da polícia nas arquibancadas onde os torcedores brigavam.
Alguém tentou escalar na minha perna. De tanto insistir, também passei junto com a criança e seu pai para o outro lado. Já seguro, deixei a criança e tentei me aproximar para ver o que acontecia. Não sei qual era o nome do pai ou das crianças, mas espero que estejam bem e que essa não seja a primeira lembrança de um jogo de futebol. Se essa fosse a minha, não teria amor pelo esporte.