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No oceano, o céu é a água. A estrada é a areia. Para entender isso, só mergulhando. Afundei no mar ao redor da Ilha do Arvoredo, localizada a 30 quilômetros de Florianópolis, reserva de rica fauna marinha preservada em 17,6 mil hectares de mata atlântica. Saí da praia de Bombinhas às 10h. |
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Outras 28 pessoas entraram em um barco de madeira, além de mim e do fotógrafo Charles Guerra. A embarcação em que estávamos balançava e fiquei um pouco enjoada. O passeio dura 1h30min em mar aberto, por isso é bom tomar um remédio para evitar desconfortos. |
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Chegamos. Henrique Nascimento, um dos instrutores, iniciou um treinamento para mergulhadores de primeira submersão, o chamado batismo. Explicou os sinais oficiais para comunicação embaixo da água.
– Confie no seu equipamento e no seu instrutor. Eles são muito qualificados para garantir a sua segurança – dizia Nascimento.
Depois de entender o manual básico do mergulhador, era a hora de vestir-se de acordo com a ocasião. Coloquei a roupa de neoprene e todo o equipamento. Tudo pesa cerca de 25 Kg. Caminhei arrastando o pé de pato até a borda do barco. Eu era uma âncora.
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Esta sensação durou pouco. Eu não afundei de primeira. O colete que eu usava estava inflado de ar, como uma boia. A pessoa só desce ao comando do instrutor para o colete esvaziar. E ainda não era a minha hora. Olhei para a água e vi peixes em cardumes circundando minhas pernas.
A Ilha do Arvoredo é desenhada com verde-bandeira das árvores e costeada por pedras grandes. O acesso à ilha é permitido apenas a oficiais do Ibama e outros órgãos ambientais. Por isso, mergulhamos próximo ao local, mas não desembarcamos.
Foto: Le Dane / Submarine / Especial |

Outro instrutor, Danilo Galvão, 28 anos, entrou no mar. Há seis anos ele mergulha por paixão pelo esporte. Há três, como profissão. |
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– Não vou te soltar lá embaixo, então não existe motivo para entrar em pânico. |
Depois de três tentativas, consegui me acostumar com a respiração pela boca. No mergulho, a máscara tampa o nariz e os olhos. Uma espécie de mangueira leva do cilindro – única fonte de ar embaixo da água – o conteúdo para a inspiração pela boca. |
A pressão lá embaixo é maior. As cavidades do corpo ocupadas por ar sentem isso. O ouvido é a parte que acaba sofrendo: é o mesmo desconforto de quando se está decolando em um avião. Para driblar a sensação, o instrutor explica que é bom engolir saliva.
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Mergulhar é conhecer um ambiente paralelo: o outro lado da Terra também é azul. Fiquei mais de 30 minutos submersa a sete metros de profundidade. Cruzei com um peixe redondo azul-marinho, com outro bicudo de pintas vermelhas e com um cardume amarelo listrado com branco. Apesar de tudo estar preservado, o fotógrafo Charles Guerra encontrou lixo entre as pedras.
Em poucos minutos, sumiu o incômodo da roupa pesada e da respiração pela boca. O olhar e a mente se distraíram nas pedras, tartarugas e conchas. Não se vê placas de trânsito, a estrada é pela areia. A comparação com um astronauta, clássica nas falas dos instrutores, está além da sensação da gravidade zero. O melhor do mergulho é poder escolher sem restrição um oceano de direções.

Para praticar
Submarine – Escola de Mergulho
Rua Sardinha, nº 2 (Servidão do Trapiche), Bombinhas
Horário: a partir das 10h
Tel.: (47) 3369-2223 e 3369-2473
Preço: R$ 180 para o batismo com direito a um cilindro. Mergulhares profissionais pagam o mesmo preço, mas recebem dois cilindros
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Patadacobra Mergulho & Turismo
Av. Vereador Manoel José dos Santos, 215, Centro, Bombinhas
Horário: a partir das 9h
Tel.: (47) 3369-2119 e (47) 3369-2257
Preço: o batismo custa R$ 235 para Ilha do Arvoredo e R$ 180 para a Sepultura.
Hybrazil Mergulho
Av. Vereador Manoel José dos Santos, 205 A, Centro, Bombinhas
Horário: das 7h30min às 23h.
Tel.: (47) 3369-0025
Preço: R$ 230 em até duas parcelas