Confesso que saí de casa sem ter a mínima ideia do que iria me esperar naquele sábado ensolarado de plantão. Logo que entramos no Sesi, eu e o colega e fotógrafo Patrick Rodrigues, nos deparamos com diversos jogos e modalidades acontecendo ao mesmo tempo. Além do Parajesc, outras competições também aconteciam no mesmo local. Entre as modalidades paralímpicas, um detalhe era unânime: a sintonia em que jogavam, como se todas suas deficiências fossem meros detalhes – e realmente constatei que são – em meio ao esporte em sua essência.

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Fui convidado pelos organizadores do evento a participar de um treinamento de goalball e vivenciar a modalidade desenvolvida para cegos ou atletas com baixa visão. Cada time é composto por três atletas que posicionam-se em extremidades opostas em uma quadra similar à de vôlei. Ganha o time que deixar menos bolas passarem pela barreira humana e marcarem o gol. Observando de fora, leigos podem pensar que o esporte é uma barbada, afinal, o atleta tem toda a extensão do corpo para bloquear uma bola rasteira. Quando coloquei a venda, vi que não era bem assim.

Para conter a bola que é arremessada em alta velocidade, o atleta precisa ter técnica e preparo físico. Às escuras, me vi obrigado a prestar muito mais atenção no som emitido pela bola (cada uma tem em seu interior uma espécie de guizo) antes de me jogar ao chão. Ali, às cegas, precisei aprender a me guiar sem a visão. Após alguns tombos desajeitados e jogadas ao chão sem a mínima técnica, parei para pensar na importância do esporte para o desenvolvimento de habilidades na vida desses atletas. Aqueles que não tem a visão se reinventam, desenvolvem novas técnicas e dão uma goleadas naqueles que enxergam com os dois olhos.

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