Jogar tênis na areia é possível, mas o esporte é um bocado diferente do praticado por Roger Federer e Rafael Nadal. Primeiro, não existem gemidos altos como se o atleta estivesse sentido prazer dentro de quatro linhas. Sem falar que o tênis de praia é jogado descalço. A altura da rede e as raquetes também não têm nada a ver com o jogo tradicional.

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Olhando de longe, o jogo se parece muito mais ao badminton, por ter a rede alta e ser jogado em duplas. A raquete se assemelha à usada no paddle por causa dos furinhos redondos. A bolinha também não é a mesma do tênis. Quem já treinou a versão tradicional deve lembrar que, no começo, os golpes são praticados numa bolinha com menos pressão e colorida. É este o modelo usado na praia.

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Ao assistir ao beach tennis, o jogo não parece tão legal. Tudo muda quando a disputa começa. A qualquer momento você pode ter de correr para pegar uma deixadinha, defender-se de um ataque ou avançar para matar uma bola que ficou mais fraca. Não é difícil de pegar o jogo, e a evolução rápida faz com que o atleta seja desafiado a fazer melhor.

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É claro que é mais fácil para aqueles que já jogaram o tênis tradicional. A maneira de segurar a raquete é a mesma do voleio, a chamada empunhadura continental. Para quem nunca pisou numa quadra de saibro, não tem problema. Basta pegar a raquete como se faz no frescobol. O saque pode ser dado por cima ou por baixo, como no vôlei. Só não vi ninguém dando um viagem na areia.

Aqui, surgiu minha maior falha no beach tennis. Simplesmente não conseguia sacar por cima, justo meu melhor fundamento na versão tradicional. Não é desculpa, mas isso aconteceu por detalhes. Por ser mais leve, a bola demora mais a cair e eu acabava perdendo o timming da jogada. E pode parecer ridículo, mas na areia fofa não dá para quicar a bola, o que atrapalha toda a mecânica do golpe.

Não é à toa que desde o maior cabeça de bagre do esporte – juro não ser eu – até o Guga bate bola antes de sacar. É nessa hora que a gente se concentra. Como repito isso há 14 anos, fica complicado mudar.

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Partida com direito a elogios

Tirando certa dificuldade no saque, ganhei bastante elogios dos veteranos do beach tennis. Não apenas porque eles foram bem educados e corteses, mas realmente acredito que mandei bem. Até ganhei um dos três sets disputados. Não que o triunfo tenha sido suficiente para evitar que o fotógrafo pegasse ângulos meus desfavoráveis.

Durante um momento da partida, mandaram a bola com força no lado esquerdo, o pior golpe para um destro responder. Mesmo assim, bati firme na bola, que atravessou a rede na diagonal e fugiu do alcance do adversário. Como se eu tivesse precisão infravermelha, a bola caiu sobre a linha num winner maravilhoso.

Juro que se tivesse plateia eu teria recebido aplausos. Mas, para executar o movimento, precisei me jogar no chão. Na hora de levantar, vejo o fotográfo registrando o momento que eu estava de quatro e fazendo meu golpe vencedor parecer que eu tinha sofrido um nocaute.

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Desde a realização da reportagem não joguei mais beach tennis, mas Eduardo Marcondes, espécie de incentivador da modalidade, afirma que, em Florianópolis, existem quadras na Praia do Santinho e em Jurerê Internacional. Também há estrutura em Balneário Camboriú. Todas de uso público. Basta que o interessado comece a jogar.

Preparar a quadra não é difícil para prefeituras. No máximo, dá o mesmo trabalho que fixar as traves para o futebol ou vôlei na praia.

A rede e as linhas são compradas prontas e, assim que montadas, estão nos tamanhos oficiais. A quadra tem oito mestros de comprimento por oito de largura e a fita da rede fica a 1,7 metro de altura. As demais regras são similiares ao do tênis tradicional.

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As regras do jogo

– Disputado em melhor de três sets.

– Leva cada set quem vence seis games.

– A contagem dos games é 15/30/40, como no tênis tradicional.

– No empate por 40 a 40, quem faz o ponto leva.

– Diferente do tênis, o saque não precisa ser na diagonal. Pode ser por cima ou por baixo.