“No começo da manhã da quarta-feira, quando surgiram as primeiras informações de que um barco com 17 pescadores havia naufragado no litoral de Santa Catarina, uma série de questionamentos se misturou à rotina de trabalho. Mas havia uma única resposta: não seria uma cobertura comum. O tamanho da responsabilidade que teríamos pela frente seria proporcional ao número de telefonemas a serem dados, pessoas a serem ouvidas, informações a serem checadas e, claro, às horas sem dormir direito que viriam pela frente.
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Dividir a responsabilidade com a repórter Caroline Stinghen e o editor de fotografia Cleber Gomes, que já estavam buscando informações e imagens na imensidão da Praia Grande desde cedo, foi uma das primeiras certezas positivas.
Mas a pergunta principal persistia: como ser útil em meio a um drama tão intenso envolvendo tantas pessoas? Os passos seguintes mostrariam um cenário ainda mais cercado de mistérios e dúvidas.E tudo a uma distância medida em milhas marítimas. Não seria possível escrever sobre o que está diante dos olhos.
Tudo o que tínhamos era a chance de uma dolorida entrevista com os 12 sobreviventes ainda abalados emocional e fisicamente, internados por várias horas em salas da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Francisco do Sul. Mas eles preferiram sair sem fazer qualquer contato com a imprensa.
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A agilidade na publicação das primeiras informações no site de AN na internet fez com que familiares e pescadores de outras regiões começassem a ligar para a UPA e para bombeiros em busca de nomes, de identidades.
As quatro páginas publicadas na edição de quinta-feira mostraram consistência na apuração, riqueza de detalhes e um tom humano dado pelo encontro do repórter especial Diogo Vargas com os famíliares, no Sul do Estado. Mas o número de perguntas só aumentava. E a busca aos desaparecidos? E o barco? Sequer havia informações sobre o destino do Vô João G.
Na quinta e a sexta-feiras, ainda mais envolvimento da equipe, com a participação do repórter Roelton Maciel e do fotógrafo Salmo Duarte. Em meio a dor das famílias, o esforço da equipe para encontrar uma embarcação e ir até o local do naufrágio e a busca por um novo depoimento de quem trabalhava no resgate levavam mais perto da resposta daquele questionamento lá da quarta-feira de manhã. Informar com responsabilidade é a melhor maneira de ser útil num momento como este.”
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