Depois da explosão do escândalo de espionagem americana contra Dilma Rousseff e seu homônimo Enrique Peña Nieto, a presidente afirmou que queria saber de tudo – “em inglês, everything“, disse – que foi monitorado sobre o país.
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A cobrança de explicações funcionou, mas as respostas evasivas não devem solucionar o impasse entre Estados Unidos e Brasil.
Nesta quinta-feira, em Washington, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo se reuniu com a conselheira de segurança nacional de Obama, Susan Rice para debater ao monitoramento direto das comunicações da presidente e à espionagem industrial à Petrobras.
No encontro, a americana reconheceu que os programas de vigilância revelados pelo Fantástico nas últimas semanas provocam tensão no relacionamento entre os dois países, mas que algumas das atividades da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) teriam sido “distorcidas” nos documentos entregues pelo ex-analista Edward Snowden e reproduzidos nas reportagens.
No entanto, disse Rice, as ações da NSA “levantam questões legítimas em nossos amigos e aliados sobre como essas capacidades são empregadas”.
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No dia 6 de setembro, após encontro com o presidente americano durante o G-20, em São Petersburgo, Dilma disse que Obama se comprometeu a dar explicações sobre as denúncias de espionagem dos EUA até ontem, e que assumiu responsabilidade “direta e pessoal” sobre a investigação das denúncias.
Dilma afirmou ter dito a Obama que a questão não era de “desculpas”, mas de uma solução rápida para o problema. A presidente também disse que a viagem dela para Washington, programada para outubro, vai depender das “condições políticas” que Obama criar. Na terça-feira, ela voltou a dizer que pretende acionar a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a espionagem internacional.
Enquanto isso, o Diário Oficial da União publicou ontem que o Executivo solicitou ao Congresso que tramite em caráter de urgência o Marco Civil da Internet, projeto de lei que estabelece penas para delitos de invasão cibernética da privacidade e de subtração de informações sensíveis pela web, para os quais hoje não há legislação.
Ao mesmo tempo, o ministério da Defesa anunciou a criação de um grupo de trabalho para elaborar medidas com o objetivo de melhorar a defesa cibernética do país.
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