A única solução para a alta demanda de estudantes no bairro Paranaguamirim, na zona Sul de Joinville, causou desconforto e protestos entre os alunos e a comunidade da Escola Municipal Prefeito Nilson Bender. Para atender a 325 novos alunos das séries iniciais, o atendimento ao 9º ano do Ensino Fundamental será encerrado em 2017, e os 202 estudantes que atualmente cursam o 8º anos serão reordenados para a Escola Estadual Marli Maria de Souza.
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Na manhã e na tarde desta quinta-feira, no horário de início dos períodos de aulas, pais e alunos se manifestaram em frente ao colégio contra o fechamento das oito turmas de 9º ano da escola.
Na região, há apenas mais duas escolas municipais, e elas atendem somente ao primeiro ciclo do ensino fundamental (1º ao 5º ano), além de um centro de educação infantil. Já a Escola Estadual Marli Maria de Souza, que atende do 2º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio teria salas fechadas e poderia absorver esta demanda.
– Esta é a opção que temos: encerrar o atendimento ao 9º ano nesta escola. Do contrário, não haverá vagas para 325 alunos do 1º ao 3º ano – afirma a diretora executiva da Secretaria de Educação, Sônia Fachinni.
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Segundo ela, a alta demanda de matrículas está ocorrendo devido ao crescimento daquela região que, há alguns anos, pertencia ao território de Araquari. Atualmente, o bairro compreende 11 loteamentos. Por isso, a compra de terrenos no bairro para a construção de uma nova escola era complicada, já que era necessário que o local pertencesse à Prefeitura de Joinville e tivesse a documentação correta para lavrar escritura. Sônia afirma que um terreno localizado atrás da Escola Marli Maria de Souza já foi comprado pela Prefeitura de Joinville para a construção de um novo prédio para a rede municipal de ensino.
Entre as principais reclamações dos alunos que serão transferidos está a distância para a nova escola, que fica a aproximadamente 1,5 km da Nilson Bender. Participando do protesto ao lado do avô Ildefonso, Caroline Brisola afirmou que teme que o trajeto prejudique os planos de ingressar no Programa Menor Aprendiz.
– Eu quero começar a trabalhar no ano que vem e agora levarei mais tempo para me deslocar até a escola. Mas há outros alunos, que vêm do Morro do Amaral e do Canaã, que terão ainda mais dificuldade com a distância – lamenta a adolescente.
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Reestruturação
Outra preocupação é o número alto de alunos que precisarão ser absorvidos pela nova escola, que já conta com suas próprias turmas de 9º ano. Mas, segundo a supervisora de gestão da rede da Secretaria do Estado de Educação, Rosemari Conti Gonçalves, a escola estadual já se reestruturou para receber estes 202 alunos.
– A direção já organizou o espaço e haverá estrutura para assumir esta demanda. Estes alunos iriam para o Marli Maria no ensino médio de qualquer forma, então, estamos apenas antecipando a ida em um ano – pontuou Rosemari.
Os alunos da Escola Nilson Bender já organizaram um novo protesto para a próxima quinta-feira, 3 de novembro, às 17h30, em frente à instituição. Uma nova reunião com os pais e as lideranças populares da região também será marcada pela Secretaria Municipal de Educação para os próximos dias.
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Abaixo-assinado no ensino médio noturno
Nas escolas estaduais, o anúncio de reordenamento das turmas de ensino médio noturno em instituições com baixa demanda de alunos também causou protestos nesta semana. Por enquanto, a Gerência Regional de Educação oficializou que os estudantes da EEB Guilherme Zuege, no Rio Bonito, serão transferidos para a Escola Olavo Bilac, enquanto os alunos da Escola Rodrigo Lobo, no Jardim Sofia, serão remanejados para o Nagib Zattar, no Jardim Paraíso. O mesmo ocorre em São Francisco do Sul, onde o ensino médio que funcionava na Escola Felipe Schmidt será encerrado para que os 91 alunos sejam transferidos para a Escola Santa Catarina.
Com isso, estudantes de outras escolas da região se mobilizaram contra os reordenamentos. Entre eles estavam os alunos da Escola Eladir Skibinski, no Aventureiro, em Joinville.
Eles chegaram a ser informados que passariam a estudar na Escola Maria Amin Ghanem, no mesmo bairro, o que levou os 180 alunos a organizarem protestos contra a mudança. Por isso, em princípio, a gerência regional abrirá matrículas para que eles permaneçam no prédio da Escola Wittich Freitag, onde ocorrem as aulas do ensino médio desde o segundo semestre de 2015.
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– Eu entrei no Ensino Médio e estudava na Eladir Skibinski. No segundo ano, já estava no Wittich Freitag e agora queriam nos mudar de novo – lamenta o estudante David Isidoro, 16 anos, que atualmente mora a cerca de 500 metros do local de estudos e precisaria se deslocar em 3,5 quilômetros para estudar no prédio do Maria Amin Ghanem – Eu peço a construção de uma escola não só por mim, mas pelo meu irmão mais novo, porque está cada vez mais perigoso andar na rua à noite.
Na tarde de quinta-feira, os estudantes se reuniram na praça da Bandeira, no Centro de Joinville, e foram juntos à Gerência Regional de Educação. Lá, apresentaram um abaixo-assinado pedindo a construção de uma nova escola estadual no bairro Aventureiro para absorver a demanda. Ele foi protocolado e os alunos foram orientados a produzirem um ofício, que será encaminhado para o secretário de Educação do Estado, Eduardo Deschamps.