– Nós não, mas tem um cara no Brasil que faz isso como ninguém – respondeu a segunda fábrica europeia procurada por uma cidadã suíça para desenvolver móveis e peças de design em acrílico. A envaidecedora indicação chegou aos ouvidos do “cara”, o designer paulistano de 48 anos Wagner Archela, pela própria interlocutora, confirmando o reconhecimento à trajetória que ele parece não levar tão a sério: de ser um mago do acrílico.

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Criador da prestigiada Gisela, penteadeira em acrílico e espelho que mescla linhas antigas – como os móveis da avó – com material contemporâneo, Wagner Archela esteve recentemente em Porto Alegre para promover sua nova coleção de luminárias. Entre os destaques, as peças feitas em metachrome – combinação mais elaborada com base no acrílico – Tina, Nina, Amy e Annie (alto), inspiradas em nomes da cena musical, com design esguio como corpos dançando e cantando.

Presente no Salão de Milão desde 2004 com peças de mobiliário, o designer de São Paulo explica a nova fase de sua carreira e os fatores que o incentivaram a criar uma coleção completa de luminárias:

– A rede de iluminação está mais bem montada do que a de móveis. Todo meu trabalho de mobiliário é artesanal, mas o de iluminação conta com uma estrutura maior e com um mercado sólido, o qual eu posso compor, sem abandonar o de mobiliário – diz.

Ele ressalta que o material que caracteriza a maioria do seu trabalho, o acrílico, exige domínio técnico e tecnologia específica. Isso aliado a um apurado senso estético.

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– De um produto feio (a matéria-prima petróleo), que vem lá do fundo da Terra, faço um objeto lindo! Isso é trabalhar de maneira inversa, incomum. Ao contrário de quem trabalha com madeira, um material bonito, tiro a beleza de algo morto, sem vida – finaliza Archela, que espera o reconhecimento de sua obra pelos netos de seus clientes atuais.