O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque teve, nesta quarta-feira, um primeiro encontro de conversações com os procuradores da República que o denunciaram. O objetivo é acertar um acordo de colaboração premiada que possa reduzir o tamanho de sua condenação criminal.

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Duque, que está preso numa penitenciária em Curitiba, foi denunciado em cinco fatos diferentes, sempre por corrupção e lavagem de dinheiro. Todos os episódios se referem a recebimento, por parte dele, de propina para facilitar contratos de empreiteiras com a Petrobras.

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Procuradores já identificaram o equivalente a R$ 70 milhões que Duque teria movimentado no Exterior, em contas na Suíça e Mônaco. Ele foi delatado por dois colaboradores da Lava-Jato: seu ex-subordinado Pedro Barusco (gerente de Serviços na Petrobras) e Júlio Camargo, lobista a serviço da empreiteira Toyo-Settal.

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A perspectiva é de que, ao falar, Duque assuma que as contas bancárias no Exterior são suas (abrindo possibilidade de devolução de dinheiro aos cofres públicos). E, de quebra, revele para quem redistribuiu a propina recebida. A suspeita é que tenha sido canalizada para políticos ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT), que o indicou para a diretoria na Petrobras.

Na terça-feira, o delegado Igor Romário de Paula afirmou que as declarações de Renato Duque podem ter o mesmo impacto da delação de um outro ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa (Abastecimento) – capturado em março de 2014. Costa tornou-se o primeiro delator da Lava-Jato e apontou os nomes de deputados, senadores e governadores que teriam sido beneficiários de propinas do cartel de empreiteiras que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014.

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– Os que estão presos hoje, se vierem a fazer acordo com certeza vão ter repercussões na área política – disse o delegado da PF Igor Romário de Paula, que integra a força-tarefa da Operação Lava-Jato.

O delegado incluiu outros eventuais colaboradores.

– Renato Duque, (Nestor) Cerveró, (Fernando) Baiano, enfim – disse Igor Romário de Paula em entrevista na terça-feira.

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Na segunda-feira, os criminalistas Alexandre Lopes, Renato de Morais e João Baltazar renunciaram em todos os processos em que defendiam Duque.

– Em razão de princípios nossos, não advogamos para aquele que resolve realizar delação premiada. O advogado do delator passa a ser, em verdade, o Ministério Público. Delação, em nossa visão, não se coaduna com defesa criminal – afirmou Alexandre Lopes.

*Com informações do Estadão Conteúdo